A ponte Francis Scott Key, uma das principais pontes de Baltimore, cidade no estado de Maryland, nos Estados Unidos, desabou na madrugada de terça-feira (26). A estrutura colapsou após um navio de carga bater em um dos seus pilares. Oito pessoas caíram no Rio Patapsco, das quais duas foram resgatadas pelos bombeiros. Mas o que aconteceu? É isso que o Olhar Digital te explica, com base na cobertura feita pela Associated Press (AP).

Para quem tem pressa:

  • Causa do colapso: O navio de carga, chamado Dali, relatou perda de energia pouco antes de atingir um dos pilares da ponte;
  • Suspensão das buscas: Os seis trabalhadores desaparecidos após o colapso da ponte Francis Scott Key, em Baltimore, foram dados como mortos. A busca por eles foi suspensa até a manhã desta quarta-feira (27);
  • Localização da ponte: A ponte, parte da rodovia 695, outrora atravessava o Rio Patapsco, artéria vital que, junto ao Porto de Baltimore, é um centro de transporte na Costa Leste dos EUA.

Uma live do YouTube capturou o momento em que a ponte desaba. A transmissão pertence à StreamTime Live, que também exibe locais como o Porto de Nova York e o Aeroporto Midway de Chicago. Apesar de não ter áudio do momento exato do colapso, as imagens mostram a queda da ponte.

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Colapso de ponte em Baltimore

Confira abaixo um compilado de informações apuradas pela AP sobre o acidente que levou ao desabamento da ponte em Baltimore na terça, separado em três partes:

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O que aconteceu?

Os operadores do navio de carga Dali emitiram um chamado de socorro informando que a embarcação havia ficado sem energia momentos antes do acidente. Mas o navio ainda se dirigiu em direção ao vão “numa velocidade muito, muito rápida”, disse o governador de Maryland, Wes Moore. O navio estava a 8 nós, o que equivale a aproximadamente 15 km/h. Dado o peso maciço do navio, ele atingiu o pilar da ponte com força significativa, disse Roberto Leon, professor de engenharia da Virginia Tech.

O navio, com 300 metros de comprimento, atingiu um dos pilares da ponte (que tem 2,6 quilômetros de extensão). O impacto fez com que o vão se quebrasse e caísse na água em segundos – imagens de satélite mostram estrago em ponte atingida por navio (veja abaixo).

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Montagem com imagens de satélite da ponte que caiu em Baltimore
(Imagem: Maxar Technologies)

Seis trabalhadores que tapavam buracos na ponte foram dados como mortos após o acidente. Jeffrey Pritzker, vice-presidente executivo da Brawner Builders, disse que eles trabalhavam no meio do vão quando ele partiu.

Uma inspeção do Dali, em junho de 2023 num porto no Chile, identificou um problema na “propulsão e maquinário auxiliar” do navio, de acordo com o Equasis, sistema de informação de navegação. A deficiência envolvia medidores e termômetros, mas os registros online do site não trazem detalhes. A inspeção mais recente listada para o Dali foi realizada pela Guarda Costeira dos EUA em Nova York em setembro. O “exame padrão” não identificou deficiências, segundo o Equasis.

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Em coletiva de imprensa, a presidente do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) dos EUA, Jennifer Homendy, disse que eles vão analisar a estrutura da ponte. “A única maneira do pilar resistir é se dobrando. Mas ele não pode absorver nem de perto a energia que este enorme navio traz. Então, ele vai quebrar”, disse.

Navio cargueiro passando debaixo de ponte em Baltimore
(Imagem: CharlieFloyd/iStock)

Inspetores federais classificaram a ponte de 47 anos como em condição boa em junho de 2023. Mas a estrutura não parecia ter proteção de pilar suficiente para suportar o impacto, disseram especialistas. “Se um pilar de ponte sem proteção adequada é atingido por um navio deste tamanho, há muito pouco que a ponte poderia fazer”, disse o professor de engenharia.

Quantas pessoas estão desaparecidas?

Duas pessoas foram resgatadas e outras seis estão desaparecidas e presumidas mortas. Todos eram parte de uma equipe que reparava buracos na ponte. Alguns veículos no vão pareciam ter escapado numa margem de segundos, e a polícia acredita que os trabalhadores são as únicas pessoas que caíram na água.

O navio é propriedade da Grace Ocean Private Ltd., sediada em Singapura, que afirmou que todos os membros da tripulação, incluindo os dois pilotos, foram contabilizados e não houve relatos de ferimentos. O aviso do navio permitiu às autoridades limitar o tráfego de veículos no vão. Além disso, o acidente ocorreu às 1h30 no horário local (2h30 no horário de Brasília), muito antes do movimentado horário de pico da manhã.

Qual o futuro da ponte em Baltimore?

(Imagem: StreamTime Live/YouTube)

O colapso da ponte provavelmente criará um pesadelo logístico por meses, se não anos, na região, interrompendo o tráfego de navios no Porto de Baltimore, um importante ponto logístico. O acidente também vai complicar o tráfego de cargas e de passageiros.

O porto é um importante centro de transporte na Costa Leste dos Estados Unidos. A ponte atravessa o Rio Patapsco, que navios de carga usam para chegar à Baía de Chesapeake e, em seguida, ao Oceano Atlântico. O Dali ia de Baltimore para Colombo, no Sri Lanka. E navegando sob a bandeira de Singapura, de acordo com dados do Marine Traffic.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que planeja viajar para Baltimore “o mais rápido possível” e que espera que o governo federal assuma todo o custo da reconstrução da ponte.

Já no comércio mundial, o desabamento da ponte em Baltimore provavelmente não terá um grande efeito no comércio mundial. Isso porque o porto da cidade não é importante para navios de contêineres. Mas as instalações do porto são mais importantes quando se trata de mercadorias como equipamentos agrícolas e automóveis, disse Judah Levine, chefe de pesquisa para a plataforma global de reservas de frete Freightos.

O professor Leon, da Virginia Tech, disse que lições podem ser aprendidas e melhorias podem ser feitas após o acidente. Por exemplo: câmeras e sensores de ponte podem ser usados para rastrear quando um navio de carga sai do curso e se comunicar com semáforos e cancelas nas entradas da ponte. “Acho que nossa missão agora é aprender com esse fracasso e aprender em todos os níveis”, disse o professor.