Ponte Rio-Niterói é considerada até hoje uma das maiores obras da engenharia moderna. A estrutura foi inaugurada no dia 4 de março de 1974 e está completando 50 anos. Em razão desse aniversário, nós fizemos uma reportagem extra da série Megaprojetos, que tem novos capítulos sempre às terças e quintas-feiras.

A seguir, conheça mais sobre a história por trás desta importante construção nacional.

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Ponte Rio-Niterói: um sonho antigo

O projeto de construção da ponte foi resultado da necessidade de uma ligação física entre o Rio e Niterói pela Baia de Guanabara. Ainda no século passado, Machado de Assis sonhou com uma estrutura que unisse as duas cidades. Já no reinado de Dom Pedro II havia o plano de construção de um túnel subterrâneo como ligação entre os dois pontos.

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Apesar do desejo antigo, foi somente em 1963 que foi criado um grupo de trabalho para estudar um projeto para a construção da ponte. Em 23 de agosto de 1968, o general Arthur Costa e Silva, então presidente da ditadura militar, assinou decreto autorizando o início dos trabalhos.

A estrutura foi, portanto, erguida durante a ditadura militar. Apesar de sucessivas tentativas de mudança, até hoje é o ditador que dá o nome oficial da Ponte Rio-Niterói, a Ponte Presidente Costa e Silva. 

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Nome oficial da estrutura é Ponte Presidente Costa e Silva (Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Visita da rainha Elizabeth II e mortes durante os trabalhos marcam a história da construção

  • Com a autorização concedida, a firma Howard, Needles, Tammen and Bergendorf, dos Estados Unidos, projetou o trecho dos vãos principais em estrutura de aço, incluindo as fundações e os pilares.
  • Os engenheiros responsáveis pelo projeto da ponte de concreto foram Antônio Alves de Noronha Filho e Benjamin Ernani Diaz, enquanto o engenheiro responsável pela ponte de aço foi o americano James Graham.
  • A rainha Elizabeth II esteve no Rio de Janeiro para participar da cerimônia de início das obras, em 1968.
  • As obras também foram marcadas pelas mortes de trabalhadores. Imagens da época mostram funcionários sem nenhum equipamento de segurança. É o que mostrou uma reportagem do Jornal Nacional com o acervo da TV Globo.
  • Oficialmente, 33 operários morreram, mas as estimativas da época, não oficiais, apontam 400 óbitos, incluindo operários e engenheiros.
  • O primeiro carro a cruzar a ponte oficialmente levou o ex-presidente Emilio Garrastazu Médici, enquanto uma multidão acompanhava tudo de perto.
Mortes de operários marcaram a construção da obra (Imagem: Joao Paulo V Tinoco/Shutterstock)

Uma das maiores obras da engenharia moderna

Marco da engenharia nacional, a ponte foi construída com aço inglês e tem o maior vão em viga reta contínua do mundo, o Vão Central, com 300 metros de comprimento e 72 metros de altura. Outro número que impressiona é o total de 1.152 vigas ao longo de sua estrutura.

No total, a estrutura tem mais de 13 quilômetros sobre o mar e está fincada nas rochas da Baía de Guanabara. Ela faz parte da mais longa rodovia brasileira, a BR-101, que liga o país do sul ao norte. Pela ponte, passam cerca passam 150 mil carros por dia, 12 milhões de pessoas por mês.

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O tempo necessário para cruzar toda a estrutura é de apenas 13 minutos. Uma verdadeira revolução em relação ao início da década de 1970. Naquela época, o motorista tinha 2 possibilidades: encarar as balsas ou enfrentar uma viagem de 100 km pela Baixada Fluminense. Ambas podiam demorar cerca de duas horas.

Ponte faz parte da BR-101, que liga o Brasil do sul ao norte (Imagem: Madu Oliveira/Shutterstock)

Reparos e melhorias

Ao longo destes 50 anos várias melhorias foram realizadas na ponte. No ano 2000, por exemplo, o asfalto no vão central foi substituído por um piso de concreto de elevada resistência, enquanto a superestrutura metálica foi reforçada internamente.

Em 2004, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) desenvolveu para a rodovia os atenuadores dinâmicos sincronizados (ADS). Esse é um conjunto de massa e mola de 32 peças e pesos de grandes proporções que funciona como um amortecedor para a estrutura do vão central. Em eventos com fortes ventos, a ponte teve uma redução de 90% de sua oscilação.

No ano de 2009, a ponte ganhou um reordenamento de faixas, que aumentaram de três para quatro, o que contribuiu para ampliar sua capacidade operacional. Em 2016, já sob administração da Ecoponte, a praça de pedágio foi aumentada, a via ganhou iluminação de LED e lamelas antiofuscantes, sistema que utiliza defensas metálicas para eliminar o ofuscamento durante a noite causado pela iluminação dos faróis.

A reportagem foi elaborada com informações adicionais do G1 e da Agência Brasil.