EUA: presos entram na Justiça para assistir eclipse solar total

Processo foi aberto após o estado de Nova York determinar que presos fiquem confinados em ambientes fechados durante o eclipse solar total
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 03/04/2024 14h56
Eclipse Solar Total (Crédito: Allexxandar/ shutterstock)
Eclipse solar total (Imagem: Allexxandar/ Shutterstock)
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As autoridades do estado de Nova York anunciaram que todos os detentos ficarão confinados em ambientes fechados durante o eclipse solar total previsto para este mês de abril. A decisão gerou revolta e alguns presos estão processando o departamento penitenciário.

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Eclipse Solar (Imagem: Olhar Digital)

Presos argumentam que decisão viola os direitos de prática da fé

Há alguns dias, Jeremy Zielinski, um prisioneiro mantido no Woodbourne Correctional Facility, recebeu permissão para ver o eclipse. Ele argumentou que o evento era significativo para ateus como ele. Além disso, o estado de Nova York forneceria óculos para que o homem pudesse observar o fenômeno com segurança.

Assim que outros presos ficaram sabendo do caso, no entanto, também pediram liberação para assistir ao eclipse. Com isso, as autoridades dos EUA acabaram determinando que todos os prisioneiros sejam confinados em ambientes totalmente fechados durante as três horas em que a Lua encobrirá o Sol.

Isso significa que os presos não poderão ficar ao ar livre no horário habitual de recreação (e nem ver o eclipse solar total). Segundo o Departamento de Correções e Supervisão Comunitária de Nova York, a decisão foi tomada em função das preocupações de segurança para funcionários dos presídios, visitantes e até mesmo para os próprios detentos.

Em resposta, um grupo de presos, incluindo um ateu, um muçulmano e um cristão batista, estão processando o departamento. Eles argumentam que a decisão viola os direitos constitucionalmente protegidos de praticar a fé.

A queixa destaca que os eclipses como eventos religiosos significativos, citando passagens bíblicas que descrevem fenômenos semelhantes durante a crucificação de Jesus. As informações são do IFLScience.

Levará 20 anos até que outra oportunidade como essa exista. Não acredito que só porque estou encarcerado deva ser negada essa oportunidade, especialmente quando esse eclipse está programado para acontecer durante o tempo normal de recreação externa. Mesmo para uma pessoa não religiosa, esse eclipse pode ter algum tipo de significado especial.

David Haigh, detendo do Hell Gate NYC

O eclipse

  • No dia 8 de abril deste ano a Lua cobrirá o Sol num Eclipse Solar Total que poderá ser visto de várias regiões da América do Norte, possibilitando que milhões de pessoas observem o fenômeno, que resulta numa cobertura quase perfeita da estrela. Infelizmente, o evento não será visto do Brasil.
  • O fenômeno é o mesmo que foi registrado em 2017, mas há algumas diferenças.
  • No último evento do tipo, a Lua estava um pouco mais distante da Terra, assim a faixa onde o fenômeno pode ser observado em sua totalidade variava de 100 a 115 quilômetros de largura.
  • No que acontece em abril, essa faixa irá variar de 170 a 200 quilômetros.
  • O Eclipse Solar Total deste ano poderá ser visto por cidades e áreas mais densamente povoadas, permitindo que 31,6 milhões de pessoas assistam o fenômeno, em comparação com as 12 milhões de 2017.
  • No eclipse de 2017, o período mais longo de sua totalidade aconteceu próximo a Carbondale, Illinois e durou de 2 minutos e 42 segundos.
  • Em 2024, ele será mais longo próximo a Torreón, no México, durando cerca de 4 minutos e 26 segundos.
  • Durações superiores a 4 minutos, no entanto, também acontecerão até próximo da fronteira do Canadá, quando o eclipse durará 3 minutos e 21 segundos.
  • Outra diferença é que o ano de 2024 é mais próximo do máximo solar, onde a atividade da estrela é maior.
  • Assim, quando a Lua cobrir o Sol, é bem provável que serpentes de fogo na coroa estelar, diferente da aparência mais simples de 2017.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.