A ossada de um lince que morreu há cerca de 1500 anos foi encontrada enterrada junto de dois casais de cachorros na Hungria. A descoberta deixou os arqueólogos confusos, visto que vestígios desses animais são raramente encontrados em sítios arqueológicos, principalmente dessa forma.

  • A sepultura dos animais foi encontrada no Zamárdi-Kútvölgyi-dűlő, um sítio no centro-oeste da Hungria;
  • O poço onde eles foram enterrados possui cerca de 1,4 metros de profundidade, com o lince no fundo, e os cães em camadas acima do felino;
  • O enterro data de algum período entre o século 5 e 6, no início da Idade Média e pouco depois da queda do Império Romano Ocidental.
Visão lateral e de cima de como o lince e os cães foram enterrados. O lince é representado em vermelho e os cachorros em azul, verde, roxo e laranja (Crédito: Gál et al; John Wiley & Sons Ltd.; (CC BY-NC-ND 4.0 DEED) )

A descoberta do lince é estranha

O lince é um animal encontrado em todo o Hemisfério Norte, apesar de atualmente ele estar praticamente extinto da Europa, devido à invasão humana nos seus habitats florestais. Geralmente esse animal se alimenta de pequenos mamíferos e aves, mas sua carne geralmente não é consumida por humanos, fazendo com que seus esqueletos sejam dificilmente encontrados em sítios arqueológicos. De acordo com Lászlo Bartosiewicz, em resposta ao LiveScience, geralmente o que é encontrado em sepulturas são garras ou restos de peles.

publicidade

Além disso, vestígios anteriormente encontrados no sítio arqueológico sugerem que as pessoas que viviam na região sobreviviam provavelmente de alimentos cultivados e animais domesticados e não da caça selvagem. Assim, a descoberta, descrita no International Journal of Osteoarchaeology, deixou os pesquisadores confusos.

A carne de lince não costuma ser consumida por humanos, deixando os pesquisadores confusos (Crédito: Tomas Hulik ARTpoint/ Shutterstock)
A carne de lince não costuma ser consumida por humanos, deixando os pesquisadores confusos (Crédito: Tomas Hulik ARTpoint/ Shutterstock)

Leia mais:

publicidade

Os arqueólogos apontam duas hipóteses que podem justificar a cova com os animais, uma é de que o enterro é a consequência de um confronto mortal entre os cães e o lince. A outra é de que o sepultamento foi proposital com um significado ritualístico.

Os pesquisadores apontam ser difícil resumir o achado em uma interpretação, visto que não se conhece o contexto etnográfico da população que vivia no local, apesar de existirem indícios que favorecem os dois lados.