Esqueleto de lince milenar é encontrado enterrado com mais quatro cachorros

A descoberta deixou os pesquisadores confusos porque a carne de lince geralmente não é consumida por humanos
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 09/04/2024 16h05
Lince (Crédito: Mario Plechaty Photograph/ shutterstock)
Lince (Crédito: Mario Plechaty Photograph/ shutterstock)
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A ossada de um lince que morreu há cerca de 1500 anos foi encontrada enterrada junto de dois casais de cachorros na Hungria. A descoberta deixou os arqueólogos confusos, visto que vestígios desses animais são raramente encontrados em sítios arqueológicos, principalmente dessa forma.

  • A sepultura dos animais foi encontrada no Zamárdi-Kútvölgyi-dűlő, um sítio no centro-oeste da Hungria;
  • O poço onde eles foram enterrados possui cerca de 1,4 metros de profundidade, com o lince no fundo, e os cães em camadas acima do felino;
  • O enterro data de algum período entre o século 5 e 6, no início da Idade Média e pouco depois da queda do Império Romano Ocidental.
Visão lateral e de cima de como o lince e os cães foram enterrados. O lince é representado em vermelho e os cachorros em azul, verde, roxo e laranja (Crédito: Gál et al; John Wiley & Sons Ltd.; (CC BY-NC-ND 4.0 DEED) )

A descoberta do lince é estranha

O lince é um animal encontrado em todo o Hemisfério Norte, apesar de atualmente ele estar praticamente extinto da Europa, devido à invasão humana nos seus habitats florestais. Geralmente esse animal se alimenta de pequenos mamíferos e aves, mas sua carne geralmente não é consumida por humanos, fazendo com que seus esqueletos sejam dificilmente encontrados em sítios arqueológicos. De acordo com Lászlo Bartosiewicz, em resposta ao LiveScience, geralmente o que é encontrado em sepulturas são garras ou restos de peles.

Além disso, vestígios anteriormente encontrados no sítio arqueológico sugerem que as pessoas que viviam na região sobreviviam provavelmente de alimentos cultivados e animais domesticados e não da caça selvagem. Assim, a descoberta, descrita no International Journal of Osteoarchaeology, deixou os pesquisadores confusos.

A carne de lince não costuma ser consumida por humanos, deixando os pesquisadores confusos (Crédito: Tomas Hulik ARTpoint/ Shutterstock)
A carne de lince não costuma ser consumida por humanos, deixando os pesquisadores confusos (Crédito: Tomas Hulik ARTpoint/ Shutterstock)

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Os arqueólogos apontam duas hipóteses que podem justificar a cova com os animais, uma é de que o enterro é a consequência de um confronto mortal entre os cães e o lince. A outra é de que o sepultamento foi proposital com um significado ritualístico.

Os pesquisadores apontam ser difícil resumir o achado em uma interpretação, visto que não se conhece o contexto etnográfico da população que vivia no local, apesar de existirem indícios que favorecem os dois lados.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.