(Imagem: Synchron)
A Synchron, rival da startup de implantes cerebrais Neuralink de Elon Musk, se prepara para recrutar pacientes para um grande ensaio clínico. Este estudo é necessário para buscar aprovação comercial do dispositivo desenvolvido pela empresa, explicou o CEO da Synchron, Thomas Oxley, à agência de notícias Reuters.
A Synchron lançou, nesta semana, um registro online para pacientes interessados em participar do ensaio clínico. A empresa pretende incluir dezenas de participantes no estudo. E ao menos 120 centros de ensaios clínicos demonstraram interesse em ajudar a conduzir o estudo, disse Oxley.
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Tanto a Synchron quanto a Neuralink buscam ajudar pacientes paralisados a digitar num computador usando dispositivos que interpretam sinais cerebrais. E a empresa de Oxley, com sede em Nova York, nos EUA, está mais avançada no processo de teste de seu implante cerebral do que a de Musk, segundo a Reuters.
A Synchron recebeu autorização dos Estados Unidos para testes preliminares em julho de 2021 e implantou seu dispositivo em seis pacientes. Testes anteriores em quatro pacientes na Austrália mostraram não haver efeitos colaterais adversos graves, conforme relatado pela empresa.
A Synchron vai analisar os dados coletados no país para se preparar para o estudo maior, enquanto aguarda autorização da Food and Drug Administration (FDA) – a Anvisa dos EUA – para prosseguir, disse Oxley. A Synchron e a FDA recusaram-se a comentar sobre o cronograma esperado para essa decisão, segundo a agência de notícias.
A empresa pretende oferecer o implante cerebral para pacientes paralisados devido à doença neurodegenerativa esclerose lateral amiotrófica (ELA), acidente vascular cerebral (AVC) e esclerose múltipla, informou o CEO.
O Mount Sinai, em Nova York, o departamento de Neurocirurgia da Universidade de Buffalo e o Centro Médico da Universidade de Pittsburgh (UPMC) colaboram no estudo preliminar. E a Synchron espera envolver esses centros no estudo maior.
David Lacomis, chefe da Divisão Neuromuscular da UPMC, disse à Reuters que sua equipe ainda participa dos testes preliminares em humanos “e o estudo está indo bem”. “Os sujeitos continuam sendo monitorados para segurança e uma quantidade extensa de dados está sendo coletada enquanto o implante cerebral está sendo usado.”
O dispositivo da Synchron é entregue ao cérebro por meio da grande veia que se situa ao lado do córtex motor no cérebro, em vez de ser cirurgicamente implantado no córtex cerebral como o da Neuralink.
A FDA solicitou à empresa que examinasse pacientes vítimas de acidente vascular cerebral usando um teste não invasivo para determinar se eles responderiam ao seu implante, disse Oxley.
Testar um implante em pacientes com acidente vascular cerebral pode ser particularmente desafiador. Isso porque o cérebro da pessoa pode carregar danos tão severos a ponto de não haver sinalização neural suficiente para o implante da Synchron.
“Eles querem expandir o mercado para pessoas que tiveram acidente vascular cerebral grave o suficiente para causar paralisia porque, se limitado à tetraplegia, o mercado é muito pequeno para ser sustentável”, disse Kip Ludwig, ex-diretor do programa de engenharia neural dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, sobre a Synchron em entrevista à agência de notícias.
A Synchron, cujos investidores incluem os bilionários Jeff Bezos e Bill Gates, e a Neuralink competem num nicho de dispositivos chamados de interface cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês).
Esses dispositivos usam eletrodos que penetram no cérebro ou se situam em sua superfície para fornecer comunicação direta com computadores. Nenhuma empresa recebeu aprovação final da FDA para comercializar um implante cerebral BCI.
Esta post foi modificado pela última vez em 10 de abril de 2024 09:08