A Lua se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, possivelmente quando um planeta menor colidiu com a Terra, lançando material derretido para o espaço até que ele eventualmente uniu-se para formar o satélite. Alguns pesquisadores apontam que pouco depois disso, há 4,2 milhões de anos a Lua virou-se do avesso para criar a superfície lunar. No entanto, não se sabia como esses eventos se sucederam, pelo menos não até agora.

Não existem muitas evidências que esclareçam como se deu a sequência desses eventos. No entanto, em um estudo publicado recentemente na Nature Geoscience, com a ajuda de dados de pesquisa anteriores, os cientistas conseguiram revelar um pouco mais sobre essa fase crítica da história lunar.

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Para quem tem pressa

  • A lua possui uma alta concentração de titânio em sua superfície, principalmente em seu lado visível;
  • Na nova pesquisa, os pesquisadores tentaram responder porque isso acontece e a resposta foi encontrada em anomalias gravitacionais;
  • Um modelo anterior já havia sugerido porque isso aconteceu e o novo estudo apontou evidências que sustentam essa hipótese.
(Crédito: Dima Zel/Shutterstock)
(Crédito: Dima Zel/Shutterstock)

Titânio no lado visível da Lua

As missões Apollo trouxeram amostras da Lua que apontaram uma alta concentração de titânio na superfície lunar, ao mesmo tempo que satélites revelaram que as rochas vulcânicas ricas em titânio estão concentradas no lado visível do satélite. Isso deixou os pesquisadores confusos para entender como esse material foi parar lá e não está mais amplamente distribuído.

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Acredita-se que quando a Lua se formou, ela era inicialmente coberta por um mar de magma. Suas camadas externas solidificaram rapidamente, formando o manto e a crosta, enquanto seu interior ainda estava fervendo em um oceano de lava. Alguns modelos sugerem que esse material se cristalizou em materiais densos, como a ilmenita, um mineral rico em ferro e titânio.

Como esses minerais pesados ​​são mais densos do que o manto subjacente, eles criam uma instabilidade gravitacional, e seria de esperar que esta camada afundasse mais profundamente no interior da Lua.

Weigang Liang, líder do estudo, em comunicado

Mas isso ainda deixa algumas dúvidas de como o titânio afundou e como se concentrou no lado visível da Lua.

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Os modelos de computador estavam certos

Uma pesquisa anterior conduzida por Nan Zhang, que também é coautor do novo estudo, desenvolveu modelos computacionais que apontaram que um grande impacto na Lua pode ter feito com que os minerais ricos em titânio abaixo da crosta lunar se deslocassem para o lado visível da Lua. Depois disso, o material afundou formando placas em forma de folha e caiu em cascata para o interior do satélite.

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A primeira iagem (esquerda) mostra uma visão tradicional da Lua, a segunda as anomalias gravitaiconais e a última vestígios de material denso que afundou no interior da lua (Crédito: Adrien Broquet/Universidade do Arizona)
A primeira imagem (esquerda) mostra uma visão tradicional da Lua, a segunda as anomalias gravitacionais e a última vestígios de material denso que afundou no interior da lua (Crédito: Adrien Broquet/Universidade do Arizona)

A partir de dados gravitacionais recolhidos pela dupla de satélites do Laboratório de Recuperação de Gravidade e Interior (GRAIL) da NASA, os pesquisadores conseguiram identificar anomalias que correspondem com esses modelos computacionais. 

Nossas análises mostram que os modelos e dados contam uma história notavelmente consistente. Os materiais de ilmenita migraram para o lado mais próximo e afundaram no interior em cascatas semelhantes a folhas, deixando para trás um vestígio que causa anomalias no campo gravitacional da lua, como visto pelo GRAIL.

Weigang Liang

Além disso, também foi possível estimar quando a Lua virou do avesso. Interrupções de anomalias gravitacionais causadas por grande e antigas bacias de impacto indicam que o titânio afundou antes disso, há cerca de 4,22 bilhões de anos.

Futuras missões poderão instalar redes sísmicas na Lua, que permitirão uma melhor análise destas estruturas. Por enquanto essas descobertas serão úteis para a ciência realizada pelos astronautas da missão Artemis 3.