Alzheimer: Dieta Keto pode atrasar o desenvolvimento da doença

Um estudo com camundongos revelou que a dieta que restringe o consumo de carboidratos pode retardar a fase inicial do Alzheimer nos animais
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 11/04/2024 03h40
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Alimentos com baixo teor de carboidratos são a base da Dieta Keto. - Imagem: Shutterstock/Yulia Furman
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A relação entre o cérebro e o nosso intestino não é novidade nas investigações científicas. Inclusive, o Olhar Digital já abordou como o jejum intermitente pode afetar esse último. Agora, uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia, Davis (UCD), revelou que a Dieta Keto, baseada na restrição severa do consumo de carboidratos, pode retardar os primeiros sinais de perda de memória do Alzheimer.

O que é a Dieta Keto?

A Dieta Keto, também conhecida como dieta cetogênica, consiste em consumir pouquíssima quantidade de carboidratos e muita gordura e proteína. Isso leva o corpo a um estado metabólico chamado cetose, no qual ocorre a queima de gordura como principal fonte de energia, em vez de glicose (açúcar) dos carboidratos. Estudos anteriores com ratos sugeriram que a dieta cetogênica pode estar associada ao aumento da expectativa de vida e à saúde prolongada.

O efeito Keto no cérebro

  • Experimentos com ratos revelaram que a Dieta Keto pode retardar os primeiros sintomas do Alzheimer.
  • Isso acontece porque a dieta eleva a presença de uma molécula chamada beta-hidroxibutirato (BHB), que é associada à memória e à plasticidade cerebral.
  • Foi observado que o BHB melhora a função das sinapses, pequenas estruturas que ligam todas as células nervosas do cérebro.
  • “Quando as células nervosas estão melhor conectadas, os problemas de memória no comprometimento cognitivo leve também melhoram”, explica a pesquisadora Izumi Maezawa para o Science Alert.
A ativação da via ERK/CREB induzida pela dieta cetogênica aumenta a produção de BDNF e a plasticidade sináptica, essenciais para a formação da memória de longo prazo – Imagem: Communications Biology

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Mais benefícios para as mulheres

A pesquisa também constatou que a Dieta Keto beneficiou mais os camundongos fêmeas, produzindo níveis mais elevados de beta-hidroxibutirato (BHB). Segundo o pesquisador Gino Cortopassi, isso é uma descoberta interessante:

Se estes resultados forem traduzidos para humanos, isso poderá ser interessante, uma vez que as mulheres, especialmente aquelas que apresentam a variante do gene ApoE4, correm um risco significativamente maior de desenvolver Alzheimer.

Cortopassi ao Science Alert.

A dieta keto faz bem à saúde?

Os médicos ainda não compreendem completamente os possíveis efeitos negativos das dietas cetogênicas em nosso corpo a longo prazo. Apesar disso, as descobertas são um ponto de partida para criar formas de bloquear ou retardar as mudanças no cérebro que levam ao Alzheimer.

A pesquisa foi publicada na revista Communications Biology.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.