Recentemente, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) emitiu um alerta de que estamos prestes a presenciar o quarto evento de branqueamento em massa dos recifes de coral. Agora, pesquisadores detectaram que o fenômeno, causado pelo aquecimento global, já é visível na costa brasileira.

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Corais brasileiros estão sofrendo processo de branqueamento (Imagem: Ágatha Naiara Ninow/Projeto PELD-Tams)

Vida marinha está ameaçada

Após meses de calor extremo aquecendo os oceanos, foi constatado o branqueamento em massa na região dos litorais sul de Pernambuco e norte de Alagoas. Já no sul da Bahia uma pequena parcela das colônias foi afetada até agora.

Na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC), região entre os municípios de Tamandaré (PE) e Maceió (AL), diversos corais foram afetados. O branqueamento em massa é constatado quando cerca de 50% das espécies ou colônias em uma área extensa são atingidas pelo estresse térmico.

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Não são absolutamente todas as espécies e não são absolutamente todas as colônias, mas o que já se registra por aqui [na Costa dos Corais] — e eu acho que em boa parte da costa nordeste, que já está em alerta 1 ou 2 há algum tempo — é um branqueamento em massa.

Beatrice Ferreira, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

A espécie mais atingida na Costa dos Corais, até agora, foi o coral-de-fogo Millepora alcicornis. Os pesquisadores destacam que um coral branqueado não está morto. Dessa forma, quanto mais rápido o mar voltar à sua temperatura normal, mais cedo a colônia pode recuperar as microalgas. Por outro lado, quando as ondas de calor são muito fortes e prolongadas, as chances de mortalidade crescem.

O Brasil tem os únicos recifes de corais do Atlântico Sul, concentrados principalmente na região Nordeste. Por isso, a detecção do fenômeno por aqui é uma péssima notícia para a vida marinha. As informações são da Folha de São Paulo.

Fenômeno pode causar danos irreversíveis à vida marinha (Imagem: OSJPHOTO/Shutterstock)

Branqueamento de corais

  • De acordo com os cientistas, o fenômeno é causado pelo aquecimento excessivo do mar e pode resultar na morte de organismos espalhados por extensas áreas de recifes tropicais.
  • Desencadeado pelo estresse térmico, o branqueamento ocorre quando os corais expulsam as algas coloridas que vivem em seus tecidos.
  • Sem elas, os organismos ficam pálidos (sem as vislumbrantes cores) e vulneráveis a doenças e à fome, já que boa parte da sua energia vem da fotossíntese feita por essas algas.
  • Como corais são enormes refúgios de peixes e outras espécies, o fenômeno pode ser catastrófico para todo o ecossistema oceânico.
  • Além disso, deve impactar a pesca e turismo, que dependem de recifes saudáveis e coloridos para atrair mergulhadores.
  • O último evento global de branqueamento em massa ocorreu de 2014 a 2017, quando a Grande Barreira de Corais perdeu quase um terço de seus corais.
  • Resultados preliminares sugerem que cerca de 15% dos recifes do mundo tiveram taxas altas de mortalidade durante o período.
  • Neste ano, no entanto, o cenário pode ser ainda pior.
  • Após o verão do Hemisfério Norte no ano passado, o Caribe teve seu pior branqueamento de corais já registrado.
  • Agora, a situação está se repetindo e escalando na outra metade do planeta.
  • Segundo os pesquisadores, o El Niño potencializou o problema.