Dormir mais pode “limpar” o seu cérebro do que não é útil

Os neurônios no nosso cérebro aproveitam o momento em que estamos dormindo para limpar ele de fragmentos indesejados
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Ignacio de Lima 18/04/2024 02h20
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Imagem: fizkes/Shutterstock
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Já sabemos há muito tempo a importância de ter oito horas de sono. Porém, sempre surgem mais motivos para valorizar um sono de qualidade e com todas as horas necessárias. Dormir bem e durante as horas suficientes pode deixar seu cérebro mais “limpo”, conforme descoberto em um estudo da revista Nature.

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Os nossos neurônios continuam ativos durante o sono. Podemos não perceber, mas o cérebro aproveita esse período de recarga para se livrar do “lixo” que se acumulou durante as horas que ficamos acordados.

O sono é algo como uma reinicialização na nossa cabeça. Já era de conhecimento científico que as ondas cerebrais lentas tinham algo a ver com um sono reparador; e pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, descobriram agora o porquê.

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Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock

Como o cérebro elimina o “lixo” produzido durante o dia enquanto dormimos

  • Quando estamos acordados, nossos neurônios precisam de energia para alimentar tarefas complexas, como resolver problemas e guardar informações na memória.
  • O problema é que a cada tarefa dessas, “detritos” ficam para trás, ainda no cérebro.
  • Enquanto dormimos, os neurônios usam ondas rítmicas para mover o líquido cefalorraquidiano através do tecido cerebral, eliminando resíduos metabólicos no processo.

Em outras palavras, durante o sono, os neurônios precisam “retirar o lixo” do dia, para que não se acumule e potencialmente contribua para doenças neurodegenerativas. “Os neurônios servem como mestres organizadores da limpeza cerebral”, afirma a equipe da pesquisa.

Os cérebros humanos evoluíram para ter bilhões de neurônios no tecido funcional, ou parênquima, do cérebro, protegidos pela barreira hematoencefálica.

Tudo o que estes neurônios fazem cria resíduos metabólicos, muitas vezes sob a forma de fragmentos de proteínas. Outros estudos descobriram que estes fragmentos podem contribuir para doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer.

O cérebro tem de eliminar este “lixo” de alguma forma, e o faz através do chamado sistema glinfático, que transporta o líquido cefalorraquidiano que move os detritos para fora do parênquima via canais localizados perto dos vasos sanguíneos.

Para confirmar o que faz o sistema glinfático eliminar este lixo, os pesquisadores realizaram experiências em ratos, inserindo sondas nos seus cérebros e plantando eletrodos nos espaços entre os neurônios. Os ratos foram anestesiados para ter o sono induzido.

Imagem: Shutterstock/Ground Picture

Como resposta, os neurônios dispararam fortes correntes carregadas depois que os animais adormeceram. Embora as ondas cerebrais sob anestesia fossem em sua maioria longas e lentas, elas induziam ondas de corrente correspondentes no líquido cefalorraquidiano.

O fluido então fluiria através da dura-máter, a camada externa de tecido entre o cérebro e o crânio, levando consigo o lixo.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.