Cientistas modificam DNA de ave para evitar extinção de espécie

Chamado de "resgate genético", o método é controverso mas foi considerado a melhor opção para evitar a extinção dos animais
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 19/04/2024 01h40, atualizada em 03/05/2024 18h06
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Imagem: Christopher James Lewis/Shutterstock
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Pesquisadores da Austrália estão alterando os genomas de espécies em uma tentativa de evitar a extinção de alguns dos animais mais ameaçados no país. Para isso, os cientistas estão usando uma variedade de técnicas, incluindo cruzamento e edição de genes. Segundo eles, apenas mudando o DNA será possível evitar a extinção.

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Modificando o DNA dos animais

Uma das “cobaias” deste experimento é o Lichenostomus melanops cassidix. Atualmente, existem apenas algumas dezenas de exemplares do pássaro vivendo na Reserva de Conservação da Natureza de Yellingbo, na Austrália.

Esforços de conservação local, incluindo um programa de reprodução em cativeiro no Santuário de Healesville, evitaram a extinção do animal. Mas a pouca diversidade genética entre as aves restantes, um problema comum em populações de animais ameaçados, impedia a recuperação total da espécie. O cenário era ainda mais crítico pelo fato das aves restantes se reproduzirem pouco.

Foi neste cenário que pesquisadores decidiram realizar uma intervenção conhecida como resgate genético. O objetivo era adicionar alguns Lichenostomus melanops gippslandicus com um DNA modificado.

Segundo especialistas, o método impede a criação de animais híbridos e a desestabilização de ecossistemas. Mas o resgate genético é considerado uma forma de intervenção humana ativa que viola o que alguns estudiosos se referem como o “ethos de restrição” da conservação.

Havia muita angústia entre as agências governamentais em relação a isso. Foi realmente apenas a ideia de que a população estava prestes a entrar em extinção que, eu acho, deu um empurrão nas agências governamentais.

Andrew Weeks, geneticista ecológico da Universidade de Melbourne
Chamado de “resgate genético”, o método de alterar o DNA de espécies é controverso (Imagem: Marija Stepanovic/Shutterstock.com)

Mais filhotes

  • Foi assim que, desde 2017, as aves modificadas fazem parte do programa de reprodução do Lichenostomus melanops cassidix no Santuário de Healesville.
  • Em cativeiro, foram verificados benefícios reais, com muitos pares mistos produzindo mais filhotes independentes por ninho do que pares compostos de dois Lichenostomus melanops cassidix.
  • No entanto, ainda serão necessários anos de estudo para entender os reais impactos da técnica nos ecossistemas.
  • Estes resultados também serão importantes para que o método seja (ou não) adotado por mais pesquisadores no intuito de evitar a extinção de algumas espécies.
  • As informações são da Folha de São Paulo.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.