Diversos países do mundo estão adotando medidas de transição para a energia renovável. Isso significa que usinas elétricas movidas a carvão, por exemplo, serão desativadas no futuro. Apesar do objetivo da ação ser proteger o meio ambiente, isso pode acabar impactando seriamente os peixes-boi da Flórida, nos Estados Unidos.

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Ameaça para os peixes-boi

Estes animais costumam nadar por horas perto da superfície do canal protegido ao lado de Apollo Beach, na Costa do Golfo. Ali, a temperatura da água é perfeita para os peixes-boi, que não conseguem sobreviver abaixo de 20°C.

O problema é que estas condições ideais foram criadas por uma grande usina de eletricidade movida a carvão. A construção bombeia água quente, o que atraiu os animais.

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A situação é dramática porque os peixes-boi se tornaram dependentes das usinas. Especialistas explicam que as fontes naturais ao longo do litoral do Atlântico foram destruídas pelo homem.

É um dos mistérios da relação entre o ser humano e a vida selvagem mais inacreditáveis que já observei na minha vida. Nós reelaboramos completamente todo o seu habitat. Nós destruímos todas as suas fontes no litoral do Atlântico. Precisamos descobrir como fazer esses peixes-boi irem para outros lugares.

Elizabeth Fleming, especialista em peixes-boi da organização sem fins lucrativos Defenders of Wildlife

Entre 2011 e 2019, 19 mil hectares de ervas marinhas (representando 58% do total) foram destruídos na região devido à poluição e o esgotamento de nutrientes. Isso causou a morte de milhares de peixes-boi.

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No entanto, a perda de habitat e ervas marinhas não são as únicas ameaças enfrentadas pelos animais na Flórida: 96% deles têm algum tipo de cicatriz no corpo, devido às colisões com os barcos. Isso acontece porque os peixes-boi dividem o espaço com centenas de milhares de barcos e sofrem traumas fortes e cortes causados pelas hélices. Essa é a causa de quase 25% das mortes de animais na região.

peixe-boi da Flórida
Peixe-boi (Imagem: Peter Douglas Clark/Shutterstock)

Medidas de proteção

  • Em 2019, a Flórida alocou mais de US$ 50 milhões (cerca de R$ 254 milhões) a programas dedicados ao peixe-boi.
  • Em 2023, foi verificada a menor taxa de mortalidade dos animais desde 2017.
  • Outros US$ 325 milhões (cerca de R$ 1,65 bilhão) foram investidos na restauração das fontes de água quente da região.
  • Enquanto isso, a Universidade do Atlântico da Flórida está criando um viveiro de ervas marinhas, que irá criar uma fonte para transplante e restauração.
  • Eles também estão pesquisando a diversidade genética das ervas marinhas e como seria possível criar linhagens com crescimento mais rápido e maior tolerância ambiental.
  • No entanto, recuperar as condições originais da vegetação pode levar de 12 a 17 anos.
  • Já mover os peixes-boi de lugar é um processo longo e de alto custo.
  • Estimativas apontam que os animais levaram 50 anos para desenvolver sua dependência das usinas elétricas, e que pode levar o mesmo período para que deixem de depender dos espaços para sobreviver.
  • As informações são da BBC.