Google demitiu ao menos 200 funcionários da equipe “Core”

Corte de cargos estão relacionados aos avanços da empresa em IA generativa e a chegada de uma nova realidade operacional
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 02/05/2024 18h40
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Imagem: achinthamb/Shutterstock
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A unidade do Google conhecida como “Core”, responsável por construir a base técnica por trás dos principais produtos da empresa e por proteger a segurança online dos usuários, teve ao menos 200 funcionários demitidos, alegam informações da CNBC.

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A apuração do site estrangeiro aponta que as demissões são parte de uma reorganização interna da empresa, que incluirá a transferência de algumas funções para a Índia e o México.

As equipes do “Core” incluem unidades técnicas importantes de tecnologia da informação, equipe de desenvolvedores Python, infraestrutura técnica, base de segurança, plataformas de aplicativos e diversas funções de engenharia.

Documentos aos quais a CNBC teve acesso indicaram que pelo menos 50 dos cargos que não vão mais existir eram de engenharia, com profissionais nos escritórios da empresa em Sunnyvale, Califórnia.

Asim Husain, vice-presidente do Google Developer Ecosystem, anunciou a notícia das demissões à sua equipe por e-mail na semana passada. O executivo ainda explicou que foi a maior redução planejada para sua equipe neste ano.

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(Imagem: JHVEPhoto/Shutterstock)

“Pretendemos manter nossa presença global atual e, ao mesmo tempo, expandir em locais de força de trabalho global de alto crescimento para podermos operar mais perto de nossos parceiros e comunidades de desenvolvedores”, escreveu Husain no e-mail.

Alphabet, dona do Google, havia anunciado corte de funcionários

  • No ano passado, a Alphabet anunciou planos para eliminar cerca de 12 mil empregos, correspondente a 6% de sua força de trabalho, devido à recessão no mercado de publicidade online.
  • Nem mesmo a recuperação recente da publicidade digital fez a companhia recuar na decisão, e as demissões seguiram ocorrendo neste ano.
  • A diretora financeira, Ruth Porat, anunciou em meados de abril que o departamento financeiro da empresa passaria por uma reestruturação, que significaria demissões e a transferência de cargos para Bangalore, na Índia, e Cidade do México.
  • O Google planeja formar equipes mais próximas dos usuários nos principais mercados, incluindo Índia e Brasil, onde a mão de obra é mais barata do que nos EUA.

O curiosamente, o momento da Alphabet é de melhoria das margens de lucro, com a taxa de crescimento mais rápida que a companhia conseguiu desde o início de 2022, incluindo um salto de 15% na receita do primeiro trimestre em relação ao ano anterior.

“Anúncios desse tipo podem deixar muitos de vocês inseguros ou frustrados”, escreveu Husain no e-mail aos desenvolvedores. Ele acrescentou que sua mensagem aos desenvolvedores é que as mudanças “estão a serviço de nossos objetivos mais amplos” como empresa.

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Imagem: IgorGolovniov/Shutterstock

À medida que o Google incorpora mais inteligência artificial aos produtos, suas ferramentas de desenvolvimento vão ficando mais simplificadas — justamente a área em que as equipes sofrendo reorganização mais atuaram.

Husain disse em um memorando para explicar as mudanças nos desenvolvedores da empresa que a IA generativa está em um “ponto de inflexão”.

“Avanços recentes em IA generativa em todo o setor, incluindo o Gemini do Google, estão mudando a própria natureza do desenvolvimento de software como o conhecemos”, escreveu Husain.

Em um e-mail separado, Pankaj Rohatgi, vice-presidente de engenharia de segurança do Google, disse à sua equipe: “Para otimizar nossos objetivos de negócios, estamos expandindo o trabalho para outros locais, o que resultará em algumas eliminações de funções e eliminações de funções propostas”.

Prabhakar Raghavan, vice-presidente sênior do Google que supervisiona as pesquisas, recentemente referiu-se ao aumento da concorrência, a um ambiente regulatório mais desafiador e ao crescimento orgânico mais lento como a “nova realidade operacional” da empresa.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.