Quando meteoritos adentram a atmosfera terrestre boa parte deles evapora, se algo chegar até a Terra são pequenos pedaços de rocha e minério. Mas será que é só isso mesmo? Existem alguns relatos de um material gelatinoso e translúcido encontrado em campos e pântanos após o avistamento de uma estrela-cadente. Ele é chamado de “astromixina”, “geleia estelar”, “geleia astral” ou “podridão estelar” e durante algum tempo acreditou-se ser um produto do céu, mas, na verdade, sua origem é mais sangrenta.

Segundo o IFLScience, os relatos da geleia estelar em grande maioria aconteceram no Reino Unido e no restante da Europa, mas existem histórias desse material nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil.

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  • O primeiro registro do material data do século 13, quando John de Gaddesden, um médico medieval, descreveu em seus escritos a estrela da Terra, uma substância gelatinosa que poderia sua usada para tratar doenças como abcessos;
  • Depois, em 1619, Robert Fludd, médico e místico, relatou avistar um meteorito e quando foi procurar algum vestígio acabou encontrando um material branco e escorregadio que se acreditava ser a estrela-cadente;
  • Em 1665, o poeta henry More escreveu: “os atores comem aquelas estrelas que caem, como alguns os chamam, que são encontrados na terra na forma de um gel trêmulo, são seus excrementos”;
  • Mesmo no século 20 relatos parecidos foram feitos, como no Brasil, quando em 1950 o botânico britânico Francis Huxley relatou que o povo Ka’apor acreditava que estrelas caiam do céu e numa visita acabou encontrando uma estrela-cadente: um material gelatinoso azul suave.

É claro que a geleia estelar não tem origem espacial, então de onde ela vem?

Se a geleia estelar não vem de meteoritos, de onde ela é? (Crédito: emka74/Shutterstock)
Se a geleia estelar não vem de meteoritos, de onde ela é? (Crédito: emka74/Shutterstock)

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A geleia estelar, na verdade, é uma geleia de sapos

A reentrada na atmosfera expõem os meteoritos a altíssimas temperaturas, as quais são impossíveis que substâncias gelatinosas sobrevivam. Assim, uma coisa é certa, a geleia estelar não é espacial.

Na verdade, as explicações do que é o material gelatinoso começaram a surgir já no século 17, durante a Revolução Científica. Os cientistas pensavam que a substância poderia ser um fungo, sêmen de carneiro ou rãs dissolvidas, visto que em algumas vezes foram encontrados ossos em meio a geleia.

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Naquela época, um pesquisador, Christopher Merrett, concluiu ser certo que a geleia estelar era restos de um anfíbio mastigado por vacas. Depois disso, conclusões parecidas foram feitas por outros cientistas.

Anos depois, outras teorias foram levantadas do que poderia ser a substância, como um subproduto de cianobactérias, corpos frutíferos de fungos viscosos ou vômito de pássaros e mamíferos. No entanto, no fim a resposta sempre levava a sapos.

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A geleia estelar tem a ver com sapos (Crédito: Matauw/Shutterstock)
A geleia estelar tem a ver com sapos (Crédito: Matauw/Shutterstock)

É provável que o material gelatinoso seja resultado de anfíbios devorados. Enquanto isso acontece, os óvulos gelatinosos desses animais são liberados e quando entram em contato com a umidade, da chuva ou do orvalho, se expandem.  Dessa forma, é possível explicar os ossos e restos de animais encontrados em meio a geleia estelar.

No fim, os restos de meteoritos são apenas rochosos e a geleia estelar está relacionada ao final infeliz de alguns sapos.