A expansão da cratera de Batagaika, na Sibéria, continua a alarmar cientistas. De acordo com uma nova pesquisa, o “portal para o inferno” tem devorado a superfície terrestre a uma taxa de quase um metro cúbico por ano. 

Expansão da cratera de Batagaika alarma cientistas

  • Conhecida como “portal para o inferno”, a cratera de Batagaika na Sibéria continua a expandir-se em ritmo alarmante, devorando quase um metro cúbico de superfície terrestre por ano. Atualmente, a cratera tem cerca de um quilômetro de comprimento e 800 metros de largura;
  • Esta depressão termocárstica é formada pelo colapso do solo após a descongelação do permafrost, camada de terra (a princípio) congelada que, sob aquecimento global, tem degradado e transformado o solo numa substância lamacenta incapaz de suportar vegetação;
  • A degradação do permafrost não apenas acelera a expansão da cratera, mas também libera carbono preso na matéria orgânica, o que exacerba o aquecimento global e perpetua um ciclo de retroalimentação que promove mais derretimento e colapso;
  • O estudo publicado no periódico Geomorphology sublinha a necessidade de monitorar tais fenômenos para entender melhor os efeitos das mudanças climáticas na geologia e no clima global. A cratera revelou camadas de permafrost que datam até 650 mil anos.

Atualmente, a cratera mede aproximadamente um quilômetro de comprimento e 800 metros de largura no ponto mais largo. E sua tendência de crescimento parece só acelerar.

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Cratera na Sibéria devora superfície terrestre

Visão aérea de cratera apelidada de portal para o inferno na Sibéria
(Imagem: Murton et al/Permafrost Periglacial Processes)

Localizada na Cordilheira de Chersky, no nordeste da Sibéria, a cratera de Batagaika é na verdade uma formação geológica conhecida como depressão termocárstica.

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A cratera é resultante do colapso e fraturamento do solo devido à perda de permafrost. O fenômeno foi primeiramente identificado em 1991, quando uma divisão subterrânea expandiu-se, levando consigo uma grande sessão de encostas.

Permafrost, a despeito do nome, não é permanente; refere-se ao solo que permaneceu a 0°C ou abaixo por mais de dois anos. Essa camada de terra congelada, que abrange um quarto da superfície terrestre do Hemisfério Norte, varia em profundidade desde poucos metros até quase um quilômetro.

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A expansão de Batagaika tem sido impulsionada pelo aquecimento das temperaturas globais, desencadeando um ciclo de retroalimentação. 

Em suma, o ciclo é assim: enquanto houver gelo para derreter, esse processo é provável que continue, alimentado pelas próprias condições que cria.

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Assista abaixo um vídeo que mostra a expansão da cratera entre 1991 e 2017:

O que permafrost tem a ver com ‘portal para o inferno’

Quando o permafrost se degrada, transforma-se numa substância lamacenta que não consegue suportar vegetação. Isso provoca o colapso das bordas da cratera na massa molhada, acelerando o processo de expansão. 

A exposição da matéria orgânica, que estava preservada no gelo, acelera a decomposição e libera carbono na atmosfera, exacerbando o aquecimento global.

O apelido dramático de Batagaika reflete a natureza alarmante de sua expansão. Com bordas que se assemelham a penhascos e uma profundidade que alcança até 100 metros em algumas áreas, a cratera revela camadas de permafrost que datam até 650 mil anos atrás.

O artigo sobre o estudo da cratera foi publicado recentemente no periódico Geomorphology. O texto destaca a importância de monitorar essas mudanças como indicadores dos efeitos mais amplos das mudanças climáticas na geologia e no clima do planeta.