Um das belezas do streaming é que você escolhe o que assistir na hora que quiser. E, diferentemente da TV por assinatura, você não precisa ficar preso a um provedor apenas. São algumas plataformas e todas com preços atrativos, que não pesam muito no orçamento mensal.

Mas, como tudo na vida, o streaming tem o seu lado negativo também. E o que mais incomoda as pessoas hoje é justamente essa variedade grande. E aquele valor que parecia pequeno vai ficando maior, uma vez que você não contrata um serviço apenas. Quando percebe, você já tem mais de 6 assinaturas – e o preço final está bem parecido com aquele da TV paga.

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História da sua vida? Sua e de milhões de pessoas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, onde as plataformas já estão estabelecidas há mais tempo, esse acúmulo delas deu origem a um novo fenômeno, uma espécie de novo hábito entre os americanos: o do desapego.

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Explico: como não existem multas pelo cancelamento nem valor extra pela reentrada, as pessoas simplesmente estão assistindo aos filmes e séries pelos quais se interessam e, depois disso, encerram a assinatura. Se depois a plataforma voltar a exibir um show do qual eles gostem, eles assinam de novo. E assim por diante.

Novos tempos, novos hábitos

  • Esse comportamento foi medido e comprovado por uma pesquisa feita recentemente pela empresa de pesquisa Antenna.
  • De acordo com o levantamento, mais de 29 milhões de pessoas cancelaram três ou mais serviços nos últimos dois anos.
  • Esse número representa cerca de um quarto do total de assinantes de streaming nos EUA.
  • A Antenna chamou essa pessoas de “assinantes nômades”.
Streaming
(Imagem: Anna Quelhas/Shutterstock)
  • E olhem que curioso: cerca de um terço deles volta a assinar de novo a plataforma em um período inferior a 6 meses.
  • Segundo Jonathan Carson, presidente-executivo da Antenna, “em três anos, isso passou de um comportamento de nicho para uma parte absolutamente dominante do mercado”.
  • E a tendência é aumentar.
  • A Antenna disse que os assinantes nômades tendam a ser um pouco mais jovens e a ter uma renda um pouco menor.
  • Mas esse hábito tem sido cada vez mais adotado por todas as faixas econômicas.

Empresas vão precisar se reinventar

É verdade que essa mudança dá aos consumidores muito mais flexibilidade, mas quem sofre são as plataformas, que precisam de um alto investimento para manterem os filmes e séries, mas trabalham com essa instabilidade dos assinantes.

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Empresas de mídia tradicionais como Paramount, Warner Bros. Discovery, NBCUniversal e Disney viviam em uma espécie de paraíso na época da TV a cabo, que era muito lucrativa para eles. Hoje, porém, sofrem com os streamings. O Peacock, da NBCUniversal, por exemplo, perdeu US$ 2,8 bilhões no ano passado.

Imagem: Top_CNX/Shutterstock

Como resultado, as companhias estão diminuindo investimentos em programas, cortando produções próprias e aumentando os preços dos seus serviços. E ainda assim às vezes fecham no vermelho.

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Diante desse quadro, as plataformas estão pensando em alternativas de sobrevivência. Nos EUA, a Disney, por exemplo, obteve relativo sucesso ao agrupar o Disney+, o Hulu e a ESPN+ em um único pacote.

A gigante também prepara o lançamento de um serviço de streaming de esportes em parceria com a Fox e a Warner Bros. Discovery. A previsão é que ele comece a operar no segundo semestre.

Além disso, as marcas têm feito cada vez mais promoções e apostado no recurso do “em breve”, para manter sua base de assinantes.

Ainda não está claro se isso vai dar certo. Certo apenas é que esse comportamento dos consumidores parece ter vindo para ficar.

As informações são do jornal The New York Times.