Desastres naturais deslocaram mais pessoas do que guerras em 2023

Levantamento da ONU aponta que 75,9 milhões de pessoas precisaram deixar suas casas em função de desastres naturais no mundo no ano passado
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Ignacio de Lima 14/05/2024 17h33
Terremoto Marrocos
Imagem: reprodução/redes sociais
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Um relatório da Organização Internacional de Migrações (OIM), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), traz um dado alarmante. Em 2023, os desastres naturais obrigaram o deslocamento de milhões de pessoas, mais do que guerras, repressão ou violência.

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Número recorde de deslocados por desastres naturais

Segundo o levantamento, foram 75,9 milhões de pessoas que precisaram deixar suas casas em busca de abrigo no ano passado. Este é o maior número da história e não inclui os refugiados ou pessoas em situação similar que foram obrigados a trocar de país em função dos desastres.

O Relatório Global sobre Deslocamento Interno ainda mostra que as guerras, a repressão e a violência provocaram 20,5 milhões de deslocamentos. Desses, o Sudão foi responsável por quase 30%, enquanto a Faixa de Gaza respondeu por 17% deles.

Imagem: Saigh Anees/Shutterstock

Em relação aos desastres naturais, o documento afirma que quase 47 milhões de novos deslocamentos internos foram registrados apenas em 2023. A Organização Internacional de Migrações destacou que o levantamento é um “lembrete claro da necessidade urgente e coordenada de expandir a redução do risco de desastres, garantir a proteção dos direitos humanos e, sempre que possível, evitar o deslocamento antes que ele aconteça”.

De acordo com o órgão, desastres como o ciclone Freddy, no sudeste da África, terremotos na Turquia, Marrocos e na Síria e o ciclone Mocha no Oceano Índico levaram a 26,4 milhões de deslocamentos, representando 56% do total de novos deslocamentos internos em 2023.

Desastres naturais também foram registrados em países ricos. No Canadá, por exemplo, os incêndios florestais obrigaram 185 mil pessoas a deixarem suas regiões. O documento aponta que “nos próximos anos, espera-se que o número de pessoas deslocadas por desastres aumente à medida que a frequência, a duração e a intensidade dos riscos naturais piorarem”.

Ao divulgar o relatório, a Organização Internacional de Migrações citou as enchentes históricas que estão sendo registrados no Rio Grande do Sul como exemplo do impacto das mudanças climáticas. Lembrando que a tragédia climática no sul do Brasil só será incluída no levantamento do ano que vem. As informações são do UOL.

Enchentes históricas no Rio Grande do Sul (Imagem: reprodução/Defesa Civil RS)

Tragédia climática no Rio Grande do Sul

  • De acordo com o mais recente balanço da Defesa Civil, subiu para 148 o número de mortes confirmadas pelas fortes chuvas e enchentes que atingem o estado gaúcho.
  • São 124 pessoas desaparecidas, mais de 538 mil desalojadas e aproximadamente 77 mil em abrigos.
  • A tragédia climática causou impactos severos em 446 dos 497 municípios gaúchos, afetando diretamente mais de dois milhões de pessoas.
  • O lago Guaíba atingiu o maior nível da história, passando dos 5 metros e 30 centímetros.
  • Apesar da água ter baixado nos últimos dias, as intensas chuvas que voltaram a atingir o estado fizeram o nível dos rios voltarem a subir.
  • Especialistas alertam que o Guaíba pode atingir 5 metros e 50 centímetros nas próximas horas, estabelecendo um novo recorde.
  • Um dos pontos que continua completamente alagado em Porto Alegre é o Aeroporto Internacional Salgado Filho, que anunciou a suspensão de todas as operações até 30 de maio.
  • Na região Sul, a Lagoa dos Patos também começou a inundar alguns municípios, caso de Rio Grande.
  • Em 2023, uma série de desastres climáticos causou uma verdadeira devastação no Rio Grande do Sul.
  • Foram registradas 16 mortes em junho, 54 em setembro e outras 5 em novembro.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.