Os professores da rede estadual de São Paulo se mobilizaram desde a última segunda-feira (13) contra o uso do sistema de plataformas digitais adotado pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A ferramenta começou a ser implementada no ano passado e vai substituir os materiais didáticos físicos por aplicativos digitais.

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O problema, segundo a Apeoesp (sindicato dos professores) é que esses apps retiram a autonomia dos docentes no planejamento das aulas. Isso porque o sistema registra se o professor usou ou não o material pré-estabelecido – e ele recebe cobranças se não utilizar.

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Além disso, os profissionais alegam que a padronização do ensino será pior para os estudantes, já que não serão levados em conta os diferentes contextos nos quais os alunos estão inseridos.

O sindicato afirma que todos os professores do estado ficarão sem usar a plataforma durante esta semana, de 13 a 19 de maio, como forma de protesto. A Apeoesp disse ainda que o governo do Estado e a Secretaria da Educação estão cientes desse movimento.

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pessoa pegando livro
Imagem: alexandrumusuc/Freepik

Polêmicas em torno do material

  • O assunto vem rendendo bastante desde o ano passado, à época do anúncio;
  • O governo paulista cogitou sair do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação, mas desistiu após decisão judicial;
  • Mesmo assim, começou a priorizar esse sistema digital;
  • Uma das polêmicas diz respeito ao conteúdo;
  • As primeiras versões utilizadas traziam informações erradas, como a que dizia que Dom Pedro II havia assinado a Lei Áurea;
  • Na verdade, quem fez isso foi a Princesa Isabel;
  • Outra polêmica diz respeito ao uso do ChatGPT;
  • A Secretaria da Educação disse que o governo vai começar a usar o chatbot para elaborar parte do material e do conteúdo programático, algo que é feito hoje por pessoas, os chamados professores “curriculistas”;
  • Para especialistas, essa troca soa como um absurdo.

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Imagem: Sumaia Vilela/Agência Brasil

“Não somos contra a tecnologia”

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Apeoesp, Fábio Moraes, explicou que não é contra a tecnologia, mas que é preciso valorizar o professor:

“Nós queremos tecnologia, escolas estruturadas, profissionais valorizados e nós queremos resguardar nossa liberdade de cátedra. Se eu achar que a plataforma é melhor, eu uso a plataforma. Se eu achar que aquele assunto, o livro, aborda melhor, eu uso o livro. E, se eu quiser, eu elaboro o meu material com meus alunos. Quantas vezes não fizemos isso?”, reclamou.

Na sequência, ele argumentou que o Estado de São Paulo é muito grande e que não adianta ensinar determinadas matérias do mesmo jeito para quem mora em uma comunidade da capital ou em uma área rural do interior:

“Você não pode padronizar uma rede do tamanho do Estado de São Paulo, com a diversidade e com a especificidade que cada escola, cada região tem. O aplicativo faz isso. E o professor, se ele não estiver seguindo o aplicativo, o próprio sistema já comunica à direção da escola e o diretor deve ir até a sala de aula, chamar a atenção do professor”, criticou Fábio Moraes.

Imagem: conger/pixels

O que diz o governo

Também em nota enviada à Agência Brasil, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo disse que “as plataformas digitais são recursos tecnológicos agregadores na produção pedagógica em sala de aula, fazendo parte do conteúdo ministrado pelos docentes, e continuam sendo utilizadas normalmente”.

Ainda segundo a pasta, “os recursos oferecidos pela Secretaria têm o objetivo de aprimorar as habilidades dos estudantes e promover o avanço dos índices educacionais”.