Um grupo de cientistas descobriu que a Corrente do Golfo diminuiu drasticamente durante o final da última era glacial, o que acabou acarretando consequências terríveis nos seres vivos do Atlântico. A partir dessas descobertas, os pesquisadores acreditam que podem prever como mudanças acontecerão ao longo do próximo século.

  • A Corrente do Golfo se origina no estreito da Flórida, na costa de Cuba, sobe a costa leste dos Estados Unidos até chegar ao Canadá e depois disso cruza o norte do Atlântico até chegar à Europa;
  • O calor que suas águas quentes transportam é responsável por manter a Europa e em certo ponto a América do Norte com climas temperados;
  • A corrente faz parte da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), transportando água do Hemisfério Sul para o Norte e depois de volta para a Antártida.
A imagem da temperatura das águas superficiais mostram a corrente do Golfo passando pela costa leste dos Estados Unidos (Crédito: NOAA/NESDIS)

Alguns estudos recentes mostraram que a Corrente do Golfo está enfraquecendo e a AMOC está prestes a entrar em colapso. Essas mudanças podem alterar fortemente o clima, e agora um novo estudo mostrou que isso também pode desencadear em problemas para as criaturas oceânicas que dependem dos nutrientes transportados pela corrente dos trópicos ao Atlântico Norte.

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Com o enfraquecimento da corrente, os nutrientes pararam de ser distribuídos

No período conhecido como Younger Dryas, que aconteceu entre 12900 e 11700 anos atrás, a Terra passou por um período de resfriamento que reverteu temporariamente o aquecimento global que acontecia entre a transição do Pleistoceno para o Holoceno. Existem fortes evidências que durante essa época a AMOC passou por um enfraquecimento.

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A partir das análises de fósseis microscópicos e núcleos de sedimentos do Estreito da Flórida que datam do Younger Dryas, os pesquisadores puderam concluir que esse enfraquecimento resultou na queda da quantidade de nutrientes que chegaram aos seres vivos no Atlântico Norte, quando comparado aos milênios anterior e posterior. Isso deixou os microorganismos fotossintetizantes sem material para produzir seu próprio alimento, afetando toda a cadeia alimentar acima deles. 

Acredita-se que a queda esteja relacionada a interrupção das correntes do Hemisfério Sul, onde geralmente os nutrientes são capturados e levados para o Hemisfério Norte.

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A animação mostra de forma simplificada as correrntes maritimas globais, inclusive a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) no Oceano Atlântico (Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio)
A animação mostra de forma simplificada as correntes marítimas globais, inclusive a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) no Oceano Atlântico (Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center Scientific Visualization Studio)

Se a AMOC e a Corrente do Golfo estiverem realmente parando de bombear nutrientes para o Atlântico Norte, como os estudos preveem, isso afetaria toda a vida marinha da região, e consequentemente algumas atividades comerciais, como a pesca. Além disso, isso também poderia limitar a quantidade de CO₂ que os oceanos absorvem.