As inúmeras estrelas da Via Láctea fascinam os seres humanos desde, bom, sempre. Mas a curiosidade humana vai além. Isso porque a ideia da Terra estar num buraco negro maior que a sua galáxia (ou que o Universo) captura tanto a curiosidade científica quanto a imaginação popular.

Terra dentro de um buraco? Não é tão impossível assim

  • A ideia de que a Terra poderia estar dentro de um buraco negro, ou mesmo ter surgido de um, captura tanto a imaginação popular quanto o interesse científico. Buracos negros são áreas do espaço onde a gravidade é tão intensa que deforma tempo e espaço, impedindo até a luz de escapar;
  • De acordo com o físico Gaurav Khanna, da Universidade de Rhode Island, se a Terra estivesse dentro de um buraco negro, enfrentaríamos efeitos catastróficos como a “espaguetificação”, onde a matéria é extremamente distorcida. Aproximar-se de um buraco negro resultaria também numa desaceleração temporal, e a Terra seria imediatamente destruída pela alta pressão e temperatura, sendo absorvida na singularidade do buraco negro;
  • Alternativamente, a teoria da cosmologia de Schwarzschild propõe que poderíamos estar vivendo dentro de um buraco negro num “universo pai” mais amplo, algo semelhante ao conceito das bonecas russas onde cada camada representa uma realidade diferente. No entanto, a verificação direta dessa teoria é impossível com a tecnologia atual;
  • Scott Field, da Universidade de Massachusetts Dartmouth, sugere que, para a Terra estar em um buraco negro sem que observemos distorções gravitacionais evidentes, este buraco negro teria de ser imensamente vasto, potencialmente tão grande quanto o Universo. Isso implicaria que nossa percepção do universo externo seria nula, confinada às fronteiras de nosso horizonte cósmico.

Buracos negros são regiões onde a gravidade intensa deforma tempo e espaço, impedindo até a luz de escapar. Daí o nome. E a hipótese de a Terra estar dentro de um buraco negro – ou ter saído de um – é teoricamente possível. Mas está mais para ficção científica mesmo.

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Cenário 1: A Terra dentro de um buraco negro

(Imagem: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital)

Gaurav Khanna, físico da Universidade de Rhode Island, disse, em entrevista ao Live Science, que, se isso ocorresse, tanto o planeta quanto as criaturas terráqueas enfrentariam efeitos catastróficos imediatos.

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Para começar, aproximar-se de um buraco negro implicaria numa desaceleração temporal e distorção extrema da matéria, numa espécie de “espaguetificação” de tudo (parecido ao que ocorre na segunda temporada de Loki). Portanto, é improvável que um buraco negro tenha absorvido a Terra sem deixar rastros.

Khanna explicou que a Terra seria imediatamente destruída pela alta pressão e temperatura da gravidade do buraco negro, transformando-se em parte de sua densa singularidade.

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Cenário 2: Surgimento da Terra a partir de um buraco negro

(Imagem: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital)

Ainda assim, existe outra teoria – esta associa a formação da Terra ao ambiente de um buraco negro. Khanna observou uma semelhança matemática entre a formação de buracos negros e o Big Bang, do qual surgiu o Universo.

A teoria da cosmologia de Schwarzschild propõe que vivemos dentro de um buraco negro num universo mais amplo, um “universo pai”. É como se fosse uma daquelas bonecas russas, mas numa escala cósmica na qual cada camada teria uma realidade.

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Contudo, essa ideia enfrenta obstáculos significativos. Afinal, nada pode retornar através do horizonte de eventos de um buraco negro. Isso torna a verificação direta impossível. Pelo menos, com a tecnologia atual.

Universo teria que ser estilo boneca russa para a Terra estar num buraco negro

Ilustração que mistura o planeta Terra com o conceito de uma boneca russa
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Scott Field, professor associado na Universidade de Massachusetts Dartmouth, argumentou que, se a Terra estivesse num buraco negro, ele teria de ser imensamente vasto.

Um buraco negro do tamanho de um planeta ou do Sol causaria distorções e efeitos gravitacionais observáveis, o que não ocorre. Isso sugere que qualquer buraco negro abrigando nosso planeta precisaria ser gigantesco, possivelmente tão grande quanto o Universo.

Assim, se realmente residíssemos dentro de um buraco negro, nossa percepção do “universo pai” que nos contém seria inexistente, confinada às fronteiras de nosso horizonte cósmico. Isso nos manteria alheios a qualquer outra realidade além da nossa. E intrigados com as possibilidades.