Stephen Hawking, um dos físicos teóricos e cosmólogos mais renomados do século XX, deixou um legado profundo no campo da ciência. Conhecido por suas contribuições à compreensão dos buracos negros e do universo, ele também se destacou na divulgação científica, tornando conceitos complexos mais acessíveis ao público.

Entre suas teorias revolucionárias estão a radiação de Hawking e as estrelas de Hawking. Vamos entender o que elas são e como elas se relacionam com os buracos negros, oferecendo um panorama das implicações dessas teorias na nossa compreensão do cosmos.

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Radiação de Hawking foi o ponto de partida

Para entender as estrelas de Hawking, é essencial primeiro compreender a radiação de Hawking, uma teoria proposta por Stephen Hawking em 1974. Neste artigo intitulado “Explosões de Buracos Negros?”, Hawking sugeriu que buracos negros não são completamente negros, mas podem emitir radiação devido a efeitos quânticos próximos ao horizonte de eventos, a fronteira onde nem a luz pode escapar da força gravitacional de um buraco negro.

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A radiação de Hawking, se confirmada, implicaria que buracos negros podem perder massa e energia ao longo do tempo, eventualmente evaporando completamente. Esta teoria combina elementos da relatividade geral e da mecânica quântica, desafiando nossa compreensão tradicional dos buracos negros como entidades eternas e imutáveis. A detecção dessa radiação ainda é um desafio para os cientistas, pois a emissão é extremamente fraca e difícil de observar com os instrumentos atuais.

buraco negro emitindo radição
Imagem: JB/Reprodução

Estrelas de Hawking: conceito e hipóteses

Além da radiação de Hawking, outra teoria menos conhecida, mas igualmente fascinante é a das estrelas de Hawking. Proposta em 1971, essa ideia descreve um objeto cósmico extremamente denso e compacto, potencialmente mais denso que uma estrela de nêutrons, mas sem a presença de um horizonte de eventos. Essencialmente, uma estrela de Hawking seria criada quando uma estrela recém-formada capturasse um pequeno buraco negro primordial.

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Um buraco negro primordial é uma hipótese que sugere a existência de buracos negros que se formaram logo após o Big Bang, devido a densidades extremas nas fases iniciais do universo. Diferente dos buracos negros que conhecemos, que se formam a partir do colapso de estrelas massivas, esses buracos negros primordiais seriam significativamente menores.

estrela de hawking
A ilustração representa como seria uma estrela com um buraco negro primordial em seu núcleo (Imagem: Max Planck Institute for Astrophysics/Reprodução)

O conceito de estrela de Hawking propõe que o núcleo de uma estrela recém-formada poderia abrigar um buraco negro primordial. Este buraco negro, em vez de engolir a estrela inteira, estabilizaria-se no núcleo, influenciando a estrela de maneiras únicas. Diferentemente de estrelas normais, que geram energia através da fusão nuclear em seus núcleos, a estrela de Hawking seria alimentada pela energia acumulada pelo buraco negro em seu centro.

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Como ainda é uma hipótese, os pesquisadores não definiram exatamente como essa alimentação ocorreria. No entanto, há uma ideia de que o buraco negro primordial poderia, de alguma forma, utilizar a matéria estelar circundante para sustentar-se. A estrela resultante poderia ter uma vida útil extremamente longa, talvez até mais longa que a de uma estrela convencional, dependendo da quantidade de massa e energia disponível para o buraco negro primordial.

Evidências e estudos recentes

Apesar de serem apenas teorias no momento, as estrelas de Hawking poderiam fornecer uma ferramenta crucial para testar a existência de buracos negros primordiais e seu possível papel na constituição da matéria escura. Matt Caplan, professor da Universidade Estadual de Illinois, sugere que estrelas de Hawking poderiam ser comuns em aglomerados globulares e galáxias anãs ultrafracas. Isso abre a possibilidade de que tais estrelas, se existirem, poderiam ser detectáveis com futuras melhorias em instrumentos astronômicos.

Um estudo liderado pelo professor assistente Earl Patrick Bellinger, da Universidade de Yale, explora a hipótese de que o nosso próprio Sol poderia abrigar um buraco negro primordial. Embora seja altamente especulativo, essa ideia ilumina as potencialidades das estrelas de Hawking. Se o Sol fosse uma estrela de Hawking, ele teria uma vida útil semelhante à atual, mas com um destino final diferente, onde o buraco negro primordial acabaria consumindo a estrela.

Mancha solar
Uma única mancha solar explodiu 10 vezes em 12 horas, sendo duas erupções de classe X, o tipo mais forte. Crédito: Artsiom P (Sol) e Proxima Studio (Terra) – Shutterstock

A principal dificuldade em confirmar a existência de estrelas de Hawking é a natureza extremamente especulativa da teoria e a falta de evidências observacionais diretas. Assim como a radiação de Hawking, a detecção dessas estrelas exigiria tecnologias muito mais avançadas do que as que temos atualmente. A astronomia e a física estão continuamente evoluindo, e futuras descobertas e inovações tecnológicas poderão, eventualmente, confirmar ou refutar essas teorias.

As estrelas de Hawking representam uma das muitas fronteiras desconhecidas da astrofísica moderna. Propostas por um dos maiores gênios da ciência, essas teorias continuam a inspirar pesquisadores a explorar os limites do conhecimento humano sobre o universo.