A Receita Federal autorizou, nesta semana, que a gigante chinesa de comércio eletrônico Temu venda os seus produtos no Brasil. A empresa é considerada uma “mistura de Shopee e Shein” e está envolvida em algumas polêmicas ao redor do mundo.

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Operações no Brasil devem começar em breve

  • A permissão para operar no Brasil foi publicada no Diário Oficial da União a partir da entrada da companhia no programa Remessa Conforme, que permite que a empresa venda produtos de lojistas estrangeiros sem a cobrança dos 60% de imposto de importação em envios abaixo de US$ 50.
  • Apesar disso, ainda assim são cobrados os 17% de ICMS sobre o valor.
  • Após a fase de certificação, a Temu precisará fazer a nacionalização antecipada das importações, uma regra determinada pelo programa.
  • Em seu site brasileiro, a empresa informa que em breve estará em funcionamento para atender os clientes do país.
Homem com cara de feliz com recebidos da Temu
Empresa é considerada uma “mistura de Shopee e Shein” (Imagem: divulgação/Temu)

Temu: sucesso de vendas e acusações de trabalho escravo

Fundada em 2002, a empresa é propriedade da gigante chinesa Pinduoduo Holdings e vende de roupas a eletrônicos e móveis. Com o slogan “compre como um bilionário”, ela realiza entregas em cerca de 50 países em todo o mundo.

A Temu compete com a rival Alibaba pelo primeiro lugar entre as empresas chinesas mais valiosas listadas na bolsa de valores dos EUA. Seu valor atual é de pouco menos de US$ 150 bilhões (R$ 750 bilhões).

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A ascensão da companhia chinesa é considerada impressionante pelos analistas. Ela lidera consistentemente os rankings globais de downloads de aplicativos, com quase 152 milhões de norte-americanos usando a plataforma da empresa todos os meses, de acordo com dados coletados pela ferramenta de análise SimilarWeb.

A Temu também tem investido pesado em publicidade. Durante a final deste ano do Super Bowl, principal partida de futebol americano nos EUA, foram veiculados seis comerciais de 30 segundos da empresa. Cada um deles custa cerca de US$ 7 milhões (R$ 35 milhões).

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Os dados da SimilarWeb apontam que o número de visitantes individuais da plataforma em todo o mundo aumentou em quase 25% no dia do Super Bowl em comparação com o domingo anterior, com 8,2 milhões de pessoas navegando no site e no aplicativo.

No mesmo período, os visitantes da Amazon e do Ebay caíram 5% e 2%, respectivamente. A empresa chinesa também aposta forte em micromarketing, convencendo influenciadores a promover produtos e sugerir compras na plataforma por meio de redes sociais como TikTok e YouTube.

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Empresa aposta em tecnologias como a inteligência artificial (Imagem: divulgação/Temu)

Outro destaque da Temu é o uso de sistema baseado na coleta de dados em grande escala. Isso permite analisar informações sobre tendências de consumo, além dos produtos mais pesquisados e clicados. Todos os dados são fornecidos gratuitamente aos fabricantes individuais, diferente do que faz a Amazon, por exemplo.

A plataforma também costuma usar imagens geradas por inteligência artificial. Isso significa que o produto à venda pode nem existir ainda. Com a mercadoria de fato em mãos, elas são enviadas ao consumidor por via aérea, o que faz com que não haja necessidade dos produtos sejam armazenados.

Apesar do crescimento, a Temu enfrenta acusações no Reino Unido e Estados Unidos. Uma investigação da Casa Branca concluiu que existe um “risco extremamente elevado” de que os produtos vendidos na plataforma possam ter sido fabricados com trabalho análogo à escravidão. A empresa chinesa nega as acusações e afirma que “proíbe estritamente” o uso de trabalho forçado, penal ou infantil por todos os seus vendedores.