O ser humano é uma das principais espécies “invasoras” do mundo. Olhe pela janela agora. Ou olhe ao redor, se estiver na rua. Todo esse concreto, metal, as casas, os prédios… nada é natural. Imagine que antes havia uma vegetação aí e, muito provavelmente, vida animal selvagem.

Se não havia uma toca ou o refúgio de um animal antes, com certeza o local servia de caminho, de passagem para ele. É o caso da Rota 101, nos Estados Unidos, uma autoestrada que percorre a costa oeste do país.

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Um trecho específico dessa larga rodovia de 10 faixas ficou famoso pelos frequentes atropelamentos de animais. A principal vítima é o leão da montanha. A espécie transita entre as montanhas de Santa Monica e as de Simi Hills, justamente onde a estrada foi construída.

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Biólogos que estudam os felinos afirmam que esses leões, ou pumas, podem ser extintos da região. E não só pelos atropelamentos. Por não conseguirem mudar de área, eles se relacionam apenas com familiares, diminuindo a diversidade genética. O resultado são caudas torcidas, buracos no coração e outros defeitos congênitos que impedem a reprodução.

Pensando nisso, autoridades da Califórnia em parceria com a iniciativa privada decidiram construir uma ponte que vai ligar esses dois ecossistemas.

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Batizada de Wallis Annenberg Wildlife Crossing, essa passarela começou a sair do papel no mês passado e tem previsão de entrega para o início de 2026. O custo da obra será de US$ 100 milhões.

Como vai funcionar

  • As fotos abaixo mostram o antes, o momento atual e o depois dessa obra.
  • Esse é perfil oficial do governador do estado da Califórnia, Gavin Newsom.
  • A ponte será a maior do tipo no mundo, atravessando a rodovia com aproximadamente o tamanho de um campo de futebol.
  • Você pode se perguntar: mas os animais vão simplesmente subir a ponte e fazer a travessia?
  • A ideia é tornar a passarela uma extensão do habitat deles.
  • Durante anos, os pesquisadores coletaram sementes de plantas nativas próximas e fungos locais para garantir que a composição do solo na ponte estivesse correta.
  • O objetivo, essencialmente, é garantir que qualquer coisa que rasteje, deslize, ou salte não sinta que está viajando sobre algo feito pelo homem.
  • Outro fator importante é tentar aliviar as características comuns de uma rodovia – e que assustam os animais -, como as luzes e a poluição sonora.
  • Para isso, o projeto usa uma mistura especial de concreto menos refletivo no exterior da estrutura, além de barreiras de vegetação para diminuir o impacto do barulho dos carros.
  • A espécie mais ameaçada na região é o leão da montanha, mas ele não é o único que deve utilizar a estrutura.
  • Linces, coiotes, veados, cerca de 400 tipos de aves e dezenas de diferentes répteis e anfíbios também vivem nas montanhas de Santa Monica – e também devem circular pela passarela.
Leão da montanha foi visto recentemente perto da Rota 101 – Imagem: Divulgação/National Park Service

Uma alternativa para o futuro

A iniciativa não é a primeira no mundo, mas o projeto chama a atenção pelo seu tamanho e localização.

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Ambientalistas nos EUA afirmam que, se uma travessia de vida selvagem pode funcionar no berço da cultura automobilística americana, então pode funcionar em qualquer lugar.

O governo da Califórnia planeja construir mais 12 estruturas parecidas ao longo dos próximos anos. A ideia é proteger a natureza e a vida selvagem, mas não só isso: os governantes também levantaram a bandeira de salvar vidas humanas.

Dados oficiais mostram que cerca de 200 pessoas morrem todos os anos em acidentes envolvendo veículos e animais selvagens nos Estados Unidos. Outras 26 mil pessoas ficam feridas.

O governo federal estima ainda que as colisões com animais custam aos americanos US$ 10 bilhões anualmente.

Ou seja, é preocupação com os bichinhos. Mas também com o voto.

As informações são do jornal The Washington Post.