Fóssil revela o ancestral mais antigo das aranhas e escorpiões

O fóssil foi descoberto há cerca de 20 anos e sua investigação revelou segredos da evolução das aranhas e escorpiões
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 29/05/2024 19h30
Fósseis investigados no estudo (Crédito: Lusti et al., Nat. Commun., 2024)
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A investigação de um fóssil encontrado mais de 20 anos atrás acabou revelando que ele é o ancestral conhecido mais antigo dos escorpiões e aranhas. A intenção inicial do estudo era apenas descrever e nomear o fóssil, mas ele guardava mais segredos do que o esperado.

  • A criatura chamada Setapedites abundantes possuia apenas 5 milímetros de comprimento;
  • Eles eram animais marinhos que viveram há 478 milhões de anos em um oceano onde atualmente é o Marrocos, tendo sido descoberto pela primeira vez em Xisto de Fezouata;
  • Agora, investigações publicadas na revista Nature Comunnications revelaram que ele pertence ao clado de artrópodes Euchelicerata, que inclui os aracnídeos e os caranguejos-ferraduras.

Segundo o paleontólogo Lorenzo Lustri, em comunicado, a descoberta de que o Setapedites abundantes é um ancestral de aranhas e escorpiões preenche uma lacuna importante na árvore evolutiva desses animais.

Impressão artística de um Setapedites abundantes (Crédito: Elissa Sorojsrisom)
Impressão artística de um Setapedites abundantes (Crédito: Elissa Sorojsrisom)

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O fóssil é uma peça no caminho evolutivo dos artrópodes

Os artrópodes, que inclue insetos, aracnídeos e crustáceos, representam cerca de 75% das espécies de animais do planeta, sendo altamente diversa. O grupo possui subgrupos dentro dele, como os Queliceratos que possuem aparelhos bucais em forma de pinça usada para agarrar ou envenenar presas.

Dentro deste subgrupo estão as aranhas, escorpiões, ácaros, carrapatos, caranguejos-ferradura e outros vários animais extintos, como os escorpiões marinhos. Até então, os pesquisadores não sabiam como esses animais divergiram do caminho evolutivo e se afastaram do resto dos artrópodes.

Agora na nova investigação, os pesquisadores encontraram no fóssil características anatômicas chamadas apêndices birramosos na parte traseira do animal. Essas características permitiram que o animal fosse classificado como membro da família Offacolidae, tendo como único outro membro conhecido os Offacolus kingi, que viveram entre 444 e 420 milhões de anos atrás.

Apêndices birramosos catalogados no fóssil (Crédito: Lusti et al., Nat. Commun ., 2024)
Apêndices birramosos catalogados no fóssil (Crédito: Lusti et al., Nat. Commun ., 2024)

Os Offacolidae são membros dos eucheliceratos, o que significa que a espécie do fóssil investigado é o membro conhecido mais antigo desse braço da árvore genealógica dos artrópodes. O próximo passo da investigação é estudar mais profundamente o vestígio para compreender melhor o surgimento e a evolução de suas características únicas.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.