Cristais mais antigos do mundo mudam o que sabemos sobre o passado da Terra

A conclusão dos pesquisadores após análise dos cristais apresenta uma mudança de entendimento sobre o passado do nosso planeta
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 04/06/2024 11h41, atualizada em 07/06/2024 16h40
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A análise dos cristais mais antigos do mundo mostra evidências de exposição à água doce e salgada durante sua formação. Segundo um novo estudo, isso indica que, há mais de quatro bilhões de anos, o nosso planeta tinha oceanos e terra firme nos quais a água da chuva podia se acumular.

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Cristal zircão foi analisado por pesquisadores (Imagem: Hugo Olierook)

Análise dos cristais revelou local de formação destes minerais

  • Durante a pesquisa, foram analisadas amostras de cristais de zircão com até 4,4 bilhões de anos.
  • Elas são pequenas e ficam ligadas em rochas sedimentares consideravelmente mais jovens, mas são os minerais mais antigos do planeta e oferecem informações sobre o passado da Terra.
  • Muitos zircões apresentam evidências de terem se formado na água, e o tipo de oxigênio dentro deles revela a natureza dessa água.
  • A presente nos oceanos, por exemplo, é formada principalmente com átomos de oxigênio-16, mas também com algum oxigênio-18.
  • Quando a água evapora, o oxigênio-16 evapora mais, explicam os pesquisadores.
  • Já quando as moléculas evaporadas caem como chuva, os lagos resultantes têm abundância reduzida de oxigênio-18.
  • Atualmente, o local onde foram encontrados os cristais é uma região rochosa e seca, mas no passado esta área ficava encoberta pelo oceano.
Jack Hills, região rochosa e seca onde foram encontrados os cristais (Imagem: Simon Wilde)

Mudança de entendimento sobre o passado do nosso planeta

Anteriormente, o registro geológico mais antigo de um ciclo da água vinha de 3,2 bilhões de anos atrás. Mas parte dos cientistas sempre acreditaram que ele era mais antigo do que isso.

A conclusão dos pesquisadores, apresentada na revista Nature Geoscience, vai contra a teoria de que há 4 bilhões de anos a Terra estava completamente seca. Ao invés disso, o planeta provavelmente estava coberto por um enorme oceano e com pequenas ilhas.

Além disso, o novo trabalho aponta que havia lagos de água doce em alguns locais. E que a chuva já se fazia presente, se misturando com a água do mar sem alterar a proporção isotópica.

Já o debate sobre o local de origem da vida continua. A pesquisa aponta que as duas principais alternativas (de que a vida teria surgido em torno de fontes hidrotermais ou em uma pequena lagoa quente) são possíveis, uma vez que estas condições já existiam na época analisada.

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.