Alguns produtos são feitos com substâncias perfluoroalquilada (PFAS), apelidadas de “químicos eternos”. É impossível evitar totalmente a exposição aos PFAS – eles estão praticamente em todo lugar, desde frigideiras antiaderentes até sofás resistentes a manchas (daí a imagem escolhida para esta reportagem). Mas dá para reduzir sua exposição a eles.

O que são produtos químicos ‘eternos’ e como evitá-los:

  • Produtos com substâncias perfluoroalquiladas (PFAS), conhecidos como “químicos eternos” por sua dificuldade de degradação, estão amplamente presentes em itens do dia a dia, desde frigideiras antiaderentes até sofás resistentes a manchas. Embora seja impossível evitar completamente a exposição, é possível reduzi-la;
  • O especialista em saúde ambiental Daniel Drage, da Universidade de Birmingham, recomenda evitar produtos tratados com PFAS não essenciais e escolher alternativas sem PFAS quando possível;
  • Drage destaca a importância de estar atento a certos tipos de produtos para reduzir a exposição a esses químicos. Os listados pelo especialista foram: tecidos resistentes a manchas, embalagens de alimentos e utensílios de cozinha, roupas impermeáveis para atividades ao ar livre e cosméticos;
  • PFAS são usados desde a década de 1950 devido às suas propriedades únicas, como repelência à água e óleo e resistência a altas temperaturas. Com cerca de 15 mil variantes, esses químicos não se degradam facilmente e acumulam-se no meio ambiente e nos organismos vivos, persistindo por décadas. Drage alerta para o acúmulo contínuo de PFAS na cadeia alimentar e nos seres humanos, devido à sua presença generalizada no ambiente.

Pelo menos, é o que escreve o especialista em saúde ambiental Daniel Drage, da Universidade de Birmingham, em artigo publicado no The Conversation. Em suma, Drage afirma que o caminho é: evitar contato com itens diretamente tratados com PFAS não essenciais e escolher alternativas sem PFAS sempre que possível.

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Leia mais:

Produtos químicos ‘eternos’: 4 tipos de produtos para ficar atento

Em seu artigo, Drage lista quatro tipos de produtos para você ficar atento na hora de evitar a exposição aos produtos químicos “eternos”. São eles:

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Tecidos resistentes a manchas

Motorista em carro prestando serviço para a Uber
Carros é um dos ambientes onde as pessoas mais passam tempo – por isso, recomenda-se evitar tecidos tratados com PFAS (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Carpetes, sofás, carros. Esses são lugares onde geralmente se passa bastante tempo. E se o tecido com o qual a pessoa estiver em contato foi tratado com PFAS, isso abre margem para exposição. As pessoas podem ser expostas aos PFAS ingerindo poeira que esteve em contato com esses produtos, bem como por meio do contato direto e absorção pela pele.

Tradicionalmente, os produtos de proteção contra manchas contêm pelo menos um produto químico “eterno”, incluindo o agora banido ácido perfluorooctano sulfonato (PFOS) ou ácido perfluorohexano sulfonato (PFHxS). Ou outro PFAS de estrutura semelhante.

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Resumindo: Ao comprar carpetes e sofás, economize dinheiro e não opte pela proteção adicional contra manchas, a menos que haja uma opção garantida sem químicos “eternos”.

Embalagens de alimentos e utensílios de cozinha

Casal na cozinha
Produtos químicos “eternos” são encontrados em muitos utensílios de cozinha antiaderentes (Imagem: G-Stock Studio/Shutterstock)

Os PFAS são usados para fazer caixas de comida para viagem, papel à prova de gordura, recipientes plásticos e até pratos e tigelas descartáveis. Assim, evitar comida para viagem e embalagens descartáveis provavelmente reduzirá sua exposição aos químicos “eternos”.

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Se você gosta de preparar refeições em lote ou fazer lanches para seus filhos, tente usar recipientes reutilizáveis que sejam declaradamente sem PFAS no rótulo.

Daniel Drage, especialista em saúde ambiental da Universidade de Birmingham, em artigo publicado no The Conversation

Produtos químicos “eternos” também são encontrados em muitos utensílios de cozinha antiaderentes. À medida que são aquecidos, eles ficam arranhados ou a superfície começa a desgastar. E os PFAS podem migrar da panela para a comida sendo preparada.

Drage escreve que não faz sentido descartar todas as suas panelas imediatamente. “Mas, uma vez que o revestimento antiaderente comece a descascar, substitua-os por opções sem PFAS, como cerâmica, aço inoxidável ou ferro fundido.”

Roupas para atividades ao ar livre

Mulher vestindo capa de chuva tomando chuva
Produtos químicos “eternos” têm sido usados para deixar roupas impermeáveis (Imagem: Yuricazac/Shutterstock)

Produtos químicos “eternos” têm sido usados para proporcionar propriedades impermeáveis a roupas para atividades ao ar livre, como casacos, luvas e calças. Mas estudos mostraram que eles não permanecem nos produtos tratados. Esta pesquisa publicada na revista Chemosphere, por exemplo, aponta que os produtos migram lentamente ao longo do tempo.

Muitas marcas, incluindo Patagonia, The North Face e Columbia, agora oferecem peças sem PFAS (verifique os rótulos para mais informações). E se você estiver reaplicando a impermeabilização num item antigo que perdeu suas propriedades, certifique-se de que o produto usado é sem químicos “eternos”.

Cosméticos

Mulher aplicando maquiagem na região abaixo dos olhos
Os PFAS são muito usados em cosméticos – por exemplo: bases, corretivos, delineadores (Imagem: Master1305/Shutterstock)

Os PFAS são muito usados em cosméticos – por exemplo: bases, corretivos, delineadores – e produtos de limpeza, para cabelo e para barbear. “Isso é preocupante, pois um estudo recente mostra que os cosméticos podem às vezes aumentar a capacidade dos PFAS de passar pela barreira da pele humana e entrar no corpo”, escreve Drage.

Algumas marcas oferecem produtos sem PFAS, como H&M e Sephora. Mas muitas marcas importantes ainda produzem cosméticos contendo PFAS, segundo o especialista em saúde ambiental.

Produtos químicos ‘eternos’ e onde habitam

Ilustração de moléculas
Produtos químicos “eternos” têm sido usados em produtos desde a década de 1950 (Imagem: Anusorn Nakdee/Shutterstock)

PFAS têm sido usados em diversas aplicações comerciais e de consumo desde a década de 1950. Eles podem repelir água e óleo, resistir a altas temperaturas e atuar como “surfactantes”, ajudando diferentes tipos de líquidos a se misturarem.

Existem cerca de 15 mil produtos químicos “eternos” diferentes. Cada um tem uma composição química ligeiramente diferente, mas todos possuem pelo menos duas ligações carbono-flúor. É por conta dessas ligações (extremamente fortes) que os PFAS não se degradam facilmente.

Portanto, a ligação que confere aos PFAS algumas de suas características únicas também faz com que se acumulem e persistam em nossos corpos e no meio ambiente por décadas.

Daniel Drage, especialista em saúde ambiental da Universidade de Birmingham, em artigo publicado no The Conversation

Com volumes enormes de PFAS entrando no mundo de maneira contínua, esses produtos químicos extremamente persistentes não têm a chance de se degradar para abrir espaço aos novos. Resultado: eles estão em toda parte, desde a água da chuva e a neve até o solo e a água subterrânea. “Como resultado, os PFAS se acumularam na cadeia alimentar e nos seres humanos”, explica Drage.