Não tem como voltar atrás na adoção da inteligência artificial (IA) e a popularização preocupa alguns setores profissionais, que temem ser substituídos. O receio não parece ser compartilhado por todos: alguns pesquisadores e especialistas do setor ressaltam que a IA serve como apoio aos humanos, não um substituto.

O professor Saša Pekeč, da Fuqua School of Business da Duke University (Estados Unidos), corrobora com essa ideia: ele admite que a tecnologia já é melhor que humanos em muitas tarefas, mas ainda precisa de componente essencial que só nós podemos fornecer.

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IA já superou humanos em muitos aspectos…

Pekeč realizou palestra na página da faculdade no LinkedIn e falou sobre as vantagens da IA, mas, também, sobre como os humanos continuam essenciais na operação.

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Entre as vantagens, ele explicou como a capacidade exponencial de analisar e processar dados, combinado com constante inovação, popularizou tanto a tecnologia. O professor comparou a ascensão ao buscador do Google, que mudou como as pessoas pesquisam conteúdo na internet.

Segundo Pekeč, as máquinas são mais eficientes que os humanos em “tarefas de otimização e previsão estritamente definidas há pelo menos um quarto de século”. Ele deu exemplos: a IA pode decidir quais anúncios exibir para determinado usuário em milissegundos, algo que nós nunca conseguiríamos. 

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A inteligência artificial também ajudou no setor de recursos humanos, por exemplo. A tecnologia ajuda a organizar dados e melhorar o cenário para que os profissionais tomem decisões, otimizando o recrutamento.

Para ele, estamos em ponto no qual não é possível não usar a IA e que as empresas devem adotá-la se querem se manter competitivas.

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Ilustração de robô humanoide com inteligência artificial digitando em computador desktop num escritório
IA já é melhor que humanos em algumas tarefas, mas não funciona sozinha (Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Mas ainda somos essenciais para a tecnologia

No entanto, apesar das vantagens da IA, a tecnologia não se sobressai aos humanos por um motivo: ela ainda precisa de nós para tomar as decisões.

As ferramentas podem ser melhores para resolver problemas específicos, mas necessitam de um operador que faça as perguntas certas. 

Além disso, segundo Pekeč, a IA tem limitações relacionadas ao pensamento crítico e a vieses algorítmicos. O pesquisador lembra que, só porque é produzida em massa, não significa que a tecnologia é confiável.

Uma IA sozinha pode dar resultados errados ou tirados de contexto e, sem um humano que filtre essas respostas, pode comprometer a qualidade dos dados. Isso, por sua vez, pode se aprofundar para resultados que reforcem desigualdades e preconceitos (vale lembrar que a tecnologia se retroalimenta, refletindo essas falhas nas próximas interações).

Outra questão é que a IA é retrospectiva, ou seja, limitada pelos dados aos quais tem acesso. Para o professor, isso causa “ponto cego” na tecnologia.

Digamos que estamos em 2019 e temos as ferramentas de IA de hoje. Qual delas preveria que uma pandemia global ocorreria em um ano? Com todos os seus impactos para a economia global e para a humanidade? Você pode ver como a IA, por padrão, tem ponto cego quando se trata de “incógnitas desconhecidas”.

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IA não estaria roubando empregos, como prenunciado (Imagem: Thapana_Studio/Shutterstock)

Humanos precisam saber o que querem da IA

  • O professor lembrou que, como qualquer outra inovação tecnológica, as pessoas precisam saber o que estão tentando alcançar com a IA;
  • Claro que a inteligência artificial pode ajudar na saúde, mas um paciente nunca iria querer ouvir de uma máquina que está com tumor no cérebro e precisa passar por cirurgia arriscada. Cabe ao ser humano que opera a máquina saber aplicá-la;
  • Com isso em mente, ela pode ser implementada em diversas áreas e “turbinar nossa tomada de decisões”.