Sinal de rádio bizarro intriga pesquisadores

Os pesquisadores ainda têm dúvida se o objeto descoberto realmente é uma estrela de nêutrons ou uma anã branca
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 07/06/2024 08h32, atualizada em 10/06/2024 21h10
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Os pesquisadores encontraram uma estrela de nêutrons que desafia todas as teorias que descrevem esses objetos, isso porque essa nova descoberta é muito mais lenta do que deveria ser.

Para quem tem pressa:

  • A estrela de nêutrons observada está girando em uma taxa muito mais baixa que outros objetos do tipo;
  • Isso afeta seus pulsos de rádio, criando uma combinação nunca observada;
  • Existem outras possibilidades do que pode ser o objeto, como uma anã branca, mas ela também seria diferente do convencional.

Algumas estrelas gigantes quando chegam ao fim da vida explodem em supernovas, deixando para trás objetos extremamente densos que giram muito rápido, umas centenas de giros por segundo, enquanto emitem ondas de rádio.

Estrela de nêutrons (Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi/ Shutterstock)
Estrela de nêutrons (Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi/ Shutterstock)

No entanto, a nova estrela de nêutrons, descrita na revista Nature Astronomy, está muito mais lenta, em um período de 53,8 minutos. Chamada de ASKAP J1935+2148 suas emissões de rádio são separadas em três estados: um pulso brilhante com duração de 10 a 50 segundos, um pulso 26 vezes mais fraco que dura apenas 370 milissegundos e um período de repouso.

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Estrela de nêutrons ou anã branca?

A estrela de nêutrons foi descoberta usando o telescópio ASKAP, localizado em Wajarri Yamaji Country, na Austrália Ocidental, depois disso, outro observatório de rádio MeerKAT, na África do Sul, também investigou o objeto. 

Telescópios ASKAP (Crédito: CSIRO, CC BY 3.0 https://creativecommons.org/licenses/by/3.0, via Wikimedia Commons)
Telescópios ASKAP (Crédito: CSIRO, CC BY 3.0 https://creativecommons.org/licenses/by/3.0, via Wikimedia Commons)

As observações mostraram que os dois pulsos evoluíram ao longo de oito meses e o estado de silêncio foi intercalado entre eles. Isso é tão diferente do esperado, que se os pulsos não tivessem sido vistos no mesmo local do espaço, teriam dificilmente sido associados a mesma estrela de nêutrons.

Na verdade, não é nem certo que o objeto realmente seja uma estrela de nêutrons, existe a possibilidade que ele seja uma anã branca, o subproduto da morte de estrelas pequenas como o Sol. Caso seja esse o caso, é uma anã branca com campo magnético muito poderoso e excepcional, nunca observado, mas ainda provável de existência. 

Estrela anã branca (Crédito: sciencepics - Shutterstock)
Estrela anã branca (Crédito: sciencepics/ Shutterstock)

O objeto também pode ser um sistema binário com a presença de uma anã branca ou uma estrela de nêutrons, no entanto, segundo a autora principal do estudo, Manisha Caleb, em comunicado, é preciso de novas observações para que novos insights sejam revelados.

Pode até nos levar a reconsiderar a nossa compreensão de décadas sobre estrelas de nêutrons ou anãs brancas; como eles emitem ondas de rádio e como são suas populações em nossa galáxia, a Via Láctea.

Manisha Caleb
Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.