Estudo relaciona xilitol a um risco maior de AVC e infarto

Pesquisadores americanos afirmam que as pessoas que consomem xilitol têm o dobro de chances de ter um derrame ou um infarto.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 12/06/2024 00h05
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Imagem: Celso Pupo/Shutterstock
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Não é de hoje que alguns cientistas apresentam evidências contra os adoçantes. A indústria, porém, sempre rebate os argumentos, mostrando outros estudos que provariam a segurança deles.

Essa novela acaba de ganhar um novo capítulo. Pesquisadores da Universidade de Cleveland, nos Estados Unidos, publicaram um artigo associando o xilitol a um aumento do risco de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC).

A pesquisa foi divulgada no European Heart Journal.

Adoçantes estão na mira de estudos sobre saúde. Imagem: shutterstock/Pheelings media

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O xilitol é uma substância usada em vários produtos industrializados, de chicletes a pastas de dente, passando também por enxaguantes bucais e até misturas para bolos. Ele é amplamente utilizado por suas características principais: traz um sabor adocicado, mas sem aumentar a quantidade de calorias nem alterar a textura.

Como foi feito o estudo

  • Os pesquisadores analisaram dados de mais de 3 mil pessoas durante alguns anos – muitas delas com histórico de doenças cardíacas, mas nem todas.
  • Eles, então, mediram os níveis de xilitol no sangue dos participantes após um jejum noturno e descobriram que aqueles com os níveis mais altos tinham um risco duas vezes maior de ter um ataque cardíaco ou um derrame.
  • Para entender melhor a conexão entre o xilitol e os eventos cardíacos, os cientistas injetaram o adoçante em ratos.
  • Descobriram que xilitol aumentou a coagulação do sangue dos roedores.
  • Lembrando que esses coágulos podem se desprender e viajar para o coração, levando a um ataque cardíaco, ou para o cérebro, desencadeando um AVC – daí o risco maior.
  • Os pesquisadores confirmaram esse mecanismo dando às pessoas bebidas à base de xilitol e de glicose e a descoberta foi assustadora:

“Nós demos a voluntários saudáveis uma bebida típica com xilitol para ver o quão altos os níveis poderiam subir, e eles aumentaram mil vezes”, disse o autor sênior do estudo, Stanley Hazen, diretor do Centro de Diagnósticos e Prevenção Cardiovascular do Instituto de Pesquisa Lerner da Cleveland Clinic.

“Quando você come açúcar, seu nível de glicose pode subir 10% ou 20%, mas não aumenta mil vezes”, completou Hazen.

Muita gente usa adoçante para substituir o açúcar. (Foto: Pixel-Shot/Shutterstock)

Histórico dos adoçantes

Essa mesma equipe do professor Hazen desenvolveu um outro estudo no ano passado que sugeriu uma relação do eritritol (outro tipo de adoçante) com essas mesmas doenças.

Médicos e especialistas no geral afirmam que essas pesquisas são importantes, mas, sozinhas, não definem que os adoçantes causam mesmo AVC ou infarto. Até porque esses casos clínicos ocorrem, muitas vezes, por uma conjunção de fatores.

Independentemente disso, fato é que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), a maior entidade do setor no planeta, já fez um alerta sobre os adoçantes artificiais no ano passado.

A OMS desaconselhou o uso em dietas e disse que o uso prolongado de adoçantes pode ter efeitos indesejáveis, como um maior risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.

E você pode estar se indagando aí do outro: mas o que eu faço, então? Como açúcar? Bem, especialistas dizem que você pode tentar consumir o seu café ou chá sem açúcar. Nutricionistas também recomendam o uso de mel nos preparos.

Aqui em casa eu congelo banana madura para adoçar algumas receitas. Dá certo! Mas vale destacar que você deve sempre buscar profissionais para te auxiliarem adequadamente.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.