Mistério sobre origem das placas tectônicas pode ter sido revelado

Eis um grande mistério da ciência: como as placas tectônicas surgiram? A resposta para essa pergunta pode estar no espaço!
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 13/06/2024 13h01, atualizada em 19/06/2024 20h58
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um estudo publicado na revista Geophysical Research Letters indica que, há bilhões de anos, a colisão entre a Terra e Theia originou algo além da Lua: as placas tectônicas. Conforme descrito pela equipe, o impacto entre os planetas teria gerado o calor necessário para criar os blocos rochosos.

Entenda:

  • Um estudo indica que, além da formação da Lua há bilhões de anos, a colisão entre a Terra e Theia também pode ter originado as placas tectônicas;
  • Pesquisadores acreditam que restos de Theia alojados no manto terrestre criaram grandes “bolhas” de magma, cujo calor ativou os blocos rochosos;
  • A hipótese pode ser apoiada por cristais australianos formados há bilhões de anos na cadeia de colinas Jack Hills;
  • Uma alternativa que pode refutar a proposta dos pesquisadores é de que a própria formação do núcleo terrestre já teria gerado o calor necessário para formar as placas;
  • O estudo foi publicado na Geophysical Research Letters.
Choque entre a Terra e Theia pode ter formado as placas tectônicas. (Imagem: Elena11/Shutterstock)

Os pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia descreveram “bolhas” do tamanho de um continente flutuando próximas ao núcleo da Terra. Acredita-se que essas bolhas estão relacionadas às plumas de magma no manto terrestre e são, na verdade, restos de Theia. Violentamente liberadas, seu calor formou as primeiras placas tectônicas, alimentando-as até hoje.

Leia mais:

Cristais australianos ajudam a apoiar hipótese de formação das placas tectônicas

Uma pista que pode sustentar a hipótese da equipe está em Jack Hills, cadeia de colinas na Austrália Ocidental. O lugar conta com cristais chamados zircões ou zirconitas, formados há mais de quatro bilhões de anos – pouco depois da colisão entre a Terra e Theia. Os zircões só podem se formar em locais com subducção de placas – quando uma se infiltra debaixo da outra. Ou seja, é a prova de que, na época, o planeta já contava com placas tectônicas ativas.

Representação das bolhas de magma no manto terrestre. (Imagem: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital)

Uma alternativa ao estudo, porém, é que a formação do núcleo da Terra possa, por si só, tê-lo tornado suficientemente quente para que as atividades tectônicas fossem iniciadas. Nesse caso, a explicação oferecida pela equipe da Califórnia de que os blocos teriam sido formados pelos restos de Theia no manto terrestre seria refutada.

O principal desafio dos pesquisadores agora é conseguir representar precisamente os estados físicos da Terra há muitos bilhões de anos. “Temos confiança no nosso modelo, mas será que ele realmente representa totalmente a verdadeira Terra? Essa é uma questão a ser explorada em testes futuros”, diz Qian Yuan, autor do artigo, ao The New York Times.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.