Imagem: Patryk Kosmider/Shutterstock
Quem circula por uma cidade como São Paulo sabe que não existe mais horário de pico no trânsito. Tirando a madrugada, você pode sair em qualquer hora do dia e vai encontrar congestionamento de carros.
Essa concentração de veículos na imensidão de asfalto deixa a qualidade do ar sofrível. Some isso a uns dias sem chover e pronto: você consegue enxergar aquela camada cinza no céu. E a poluição ataca rinite, te faz espirrar, nariz escorrer e a garganta secar.
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Quem não mora em São Paulo pode até achar que estou exagerando, mas passa um mês aqui para ver se não é verdade. E olha que adoro a minha cidade, não troco ela por nada. Mas não dá para fingir que esses problemas não existem.
Em maior ou em menor proporção, essa é a realidade de vários locais no mundo. E os especialistas discutem há bastante tempo uma alternativa para enfrentar esses desafios da modernidade.
Veículos elétricos? Investimento em transporte público de qualidade? Tirar os caminhões do centro expandido? Aumentar o número de bolsões verdes? Retomar a inspeção veicular obrigatória?
Todas essas ideias têm o seu valor. Uma delas, no entanto, me chamou a atenção. Principalmente pelo seu relativo baixo custo. Um estudo realizado na Suíça apontou que as bicicletas elétricas podem ter um papel central na tentativa de desafogar as grandes cidades.
Além dessa questão da data, você aí do outro lado deve estar se coçando para falar: “mas, Bob, não dá para comparar a Suíça com o Brasil, né?”.
E, sim, você está correto (a). Lausanne é uma cidade infinitamente menor do que São Paulo, por exemplo. E bota menor nisso! A área da primeira é de aproximadamente 41 quilômetros quadrados. São Paulo tem mais de 1.500 quilômetros quadrados! Isso sem contar a infraestrutura e a maior oferta de ciclofaixas (proporcionalmente falando). E a questão importantíssima da segurança.
As pessoas se sentem menos protegidas numa bike do que em um carro. E alguém que mora na Zona Norte da cidade não vai pegar uma e-bike para atravessar a Marginal Tietê e a Marginal Pinheiros até chegar na Zona Sul.
Eu entendo todos esses pontos. Continuo sustentando, no entanto, que a bicicleta elétrica pode fazer parte da solução.
Ela pode ser usada para a cobertura de distâncias menores – e você sabe que tem gente que pega o carro para ir até na padaria da esquina. Só isso vai tirar milhares de veículos das ruas, ajudando na diminuição da poluição.
A e-bike também é muito mais barata do que um carro elétrico. E poderia ser vendida a preços mais acessíveis se o governo adotasse algum tipo de incentivo para o setor.
Falando em governo, é claro que seriam necessárias algumas obras estruturais para permitir uma circulação mais fluida das bikes. E talvez um aumento no efetivo policial para aumentar a sensação de segurança.
É utopia? Pode até ser. O que não dá é para achar que está tudo bem. E que é normal pegar trânsito numa terça-feira às 2 da tarde.
Você pode ler o estudo na íntegra aqui.
Esta post foi modificado pela última vez em 14 de junho de 2024 15:29