A heliosfera, formada por ventos solares, envolve todo o Sistema Solar, pressionando o espaço interestelar e protegendo os corpos dentro dela da radiação e dos raios galácticos. Agora, um grupo de pesquisadores descobriu que há dois milhões de anos a Terra pode ter ficado sem essa sua proteção.

Para quem tem pressa:

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  • Os pesquisadores acreditam que há dois milhões de anos, o Sistema Solar pode ter encontrado uma nuvem densa e fria de poeira e gás;
  • Esse encontro poderia ter pressionado a heliosfera, deixando a Terra e outros objetos desprotegidos;
  • Para investigar esse encontro, os pesquisadores usaram modelos computacionais que voltaram no tempo e mostraram esse encontro;
  • Ainda não é certo os efeitos que esse encontro causou, mas os cientistas esperam investigar mais.

Há dois milhões de anos, nosso planeta passava por uma era glacial. Essas eras frias são causadas por diversos fatores, como erupções vulcânicas, níveis de CO₂, ângulo de inclinação da Terra e a taxa de rotação. No entanto, visto a descoberta de que o planeta estava no meio do espaço interestelar durante esse período, os pesquisadores acreditam que as eras glaciais podem estar relacionadas com a posição do Sistema Solar na Via Láctea.

Na verdade, a hipótese dos cientistas, em um estudo publicado na revista Nature Astronomy, é de que há dois milhões de anos o Sistema Solar pode ter encontrado uma mancha de gás e poeira interestelar que interferiu na heliosfera e causou as quedas de temperatura.

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Os pesquisadores pensam que a nuvem de gás frio pode ter bloqueado o vento solar a ponto de comprimir a heliosfera, e durante um curto período a Terra e outros corpos do Sistema Solar podem ter ficado sem essa proteção.

Diagrama mostrando como a heliosfera protege o Sistema Solar do meio interestelar (Crédito: Southwest Research Institute)
Diagrama mostrando como a heliosfera protege o Sistema Solar do meio interestelar (Crédito: Southwest Research Institute)

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O encontro com a nuvem deixou parte do Sistema Solar desprotegido

Para descobrir como se deu esse encontro entre o Sistema Solar e uma nuvem de poeira, os pesquisadores voltaram no tempo usando sofisticados modelos de computador. O objetivo era determinar onde o Sol estava posicionado na Via Láctea há dois milhões de anos.

Os modelos também permitiram que uma densa cadeia de gás frio fosse rastreada, o Sistema de Fita Local de Nuvens Frias, indicando que uma das nuvens de gás, a Lince Local de Nuvem Fria, pode ter interagido com o Sistema Solar, desprotegendo a Terra.

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A nuvem de gás provavelmente pressionou a heliosfera apenas por um curto período, que pode ter durado algumas centenas de anos até um milhão, dependendo de quão grande ela era. A heliosfera voltou a crescer depois disso, mas não antes de causar consequências no Sistema Solar.

O encontro expôs o Sistema Solar ao meio intergaláctico (Crédito: buradaki/Shutterstock)
O encontro expôs o Sistema Solar ao meio intergaláctico (Crédito: buradaki/Shutterstock)

Por exemplo, a falta da heliosfera pode ter deixado a Terra exposta a bombardeios de elementos pesados e radioativos vindos do meio interestelar. Isso poderia explicar o aumento de isótopos de ferro 60 e plutônio 244 encontrados na Antártica e na Lua e remontam há dois milhões de anos.

O impacto que a nuvem pode ter causado na Terra ainda é incerto, inclusive se ela foi responsável por desencadear uma era glacial. Agora, os pesquisadores esperam investigar se o Sistema Solar encontrou outras nuvens de gás e poeira, e se esse encontros coincidem com outras eras glaciais.