Os opioides são uma classe de fármacos para alívio da dor que também podem gerar uma sensação de euforia. Neste grupo estão incluídas tanto substâncias ilegais quanto prescritas, como a morfina, fentanil, metadona e heroína. A dependência deste tipo de químico é um problema de saúde recorrente entre as grávidas, principalmente aquelas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), as taxas de morte por overdose entre grávidas e puérperas dobraram recentemente, de 3,1 para 6,1 por 100.000 entre 2018 e 2021.

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Uma nova pesquisa da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, fez uma descoberta que pode ajudar a reduzir este desafio. O uso contínuo de medicamentos para controle do TDAH durante a gravidez pode reduzir o risco de recaídas e overdose no tratamento contra a dependência de opioides.

Cuidar do TDAH diminui o risco de dependência química

  • Os pesquisadores analisaram dados médicos para entender o impacto do medicamento para TDAH em grávidas que também estavam em tratamento contra dependência de opioides.
  • Eles focaram a análise em 168 mulheres grávidas que estavam usando metadona ou buprenorfina para tratar a dependência.
  • Houve uma diferença notável entre aquelas que continuaram o tratamento para TDAH e aquelas que pararam.
  • As grávidas que mantiveram o uso de medicamentos para TDAH permaneceram no tratamento com buprenorfina por cerca de dois meses a mais do que as que interromperam.
  • Este grupo também teve menos visitas aos serviços de emergência devido ao uso de substâncias. Apenas 41% das pacientes que mantiveram o tratamento para TDAH foram para a emergência por este motivo, comparado com 54% das que pararam.

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O benefício de manter o tratamento para o TDAH

Ainda é necessária mais investigação sobre as razões por trás das diferenças observadas no estudo. Tiffani Berkel, autora do estudo, disse ao Medical Xpress que a principal hipótese é que os medicamentos para TDAH podem ajudar a controlar a impulsividade, proporcionando aos pacientes mais foco e, consequentemente, melhorando o gerenciamento de seus tratamentos para transtornos por uso de substâncias.

Jeannie Kelly, coautora do estudo, destaca a importância desta pesquisa para preencher lacunas no conhecimento médico, especialmente em obstetrícia, onde a falta de informação pode levar à hesitação em tratar pacientes com transtorno por uso de substâncias.

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Em obstetrícia, uma lacuna de conhecimento frequentemente leva à relutância em tratar devido a riscos desconhecidos para o feto. No entanto, também é muito importante discutir os riscos de não tratar, porque a doença não tratada também pode ter enormes implicações para a saúde da mãe e do bebê”

Jeannie Kelly ao Medical Xpress.

A pequisa foi publicada na revista Nature Mental Health.