Amplitude térmica é o termo usado pelos meteorologistas para definir a diferença entre a temperatura máxima e a mínima em um dia. Sabe aquela história de sair de casa de manhã com cachecol e vestir uma regata à tarde? Vivemos tempos assim – e eles têm se tornado cada vez mais frequentes.

Se essa diferença não ocorrer dentro de um dia, ela pode acontecer em períodos curtos. Coisa de menos de uma semana. E isso bagunça bastante a nossa saúde.

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A situação fica ainda mais preocupante quando falamos da população com mais de 65 anos. Segundo um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP), eventos climáticos extremos, como ondas de frio e de calor, “aumentam a mortalidade entre os idosos, particularmente em grandes centros urbanos”.

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A estudante de doutorado Sara Lopes de Moraes explica que, no calor, a taxa de mortalidade é elevada devido ao estresse térmico que sobrecarrega o sistema cardiovascular dessa população. Por outro lado, a exposição ao frio intenso também eleva os riscos, principalmente com a alta exposição às doenças respiratórias.

Essas informações se tornam ainda mais alarmantes diante das frequentes ondas de calor que registramos nos últimos meses. De acordo com o observatório europeu Copernicus, abril de 2024 foi o mês mais quente já registrado no planeta. A temperatura ficou em 15,03°C, 0,61°C acima da média contabilizada entre 1991 e 2020.

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E agora, com a chegada do fenômeno climático La Niña, a expectativa é por ondas de frio também.

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As ondas de calor vêm se tornando cada vez mais frequentes – Imagem: lamyai/Shutterstock

Vulnerabilidade socioeconômica

  • Vale destacar que os dados colhidos pela pesquisadora dizem respeito ao período de 2006 a 2015 em São Paulo.
  • Ou seja, ainda não vivíamos os efeitos mais agudos das mudanças climáticas.
  • Se ela fizesse esse mesmo estudo hoje, os resultados seriam ainda mais extremos.
  • A doutoranda levou em conta informações sobre temperatura, umidade, poluição do ar, óbitos e variáveis demográficas e socioeconômicas.
  • E ela descobriu que, além dessa questão climática, um dos fatores mais determinantes para a alta das mortes é a condição socioeconômica.
  • Áreas de baixa renda apresentaram mais vulnerabilidade.
  • Isso porque, no calor, as pessoas não têm muito com o que se refrescar.
  • Já no frio, o Brasil como um todo não possui estrutura para lidar com baixas temperaturas.

Políticas públicas

Diante disso, a especialista reforçou, na sua tese, a necessidade da formulação de políticas públicas de saúde ligadas às mudanças climáticas.

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“Medidas como sistemas de alerta para a população idosa, criação de abrigos de refrescamento durante ondas de calor e distribuição de água e frutas para pessoas em situação de rua”, foram algumas das ideias dadas pela pesquisadora.

Pessoas em situação de rua também sofrem com as mudanças climáticas – Imagem: Wagner Vilas/Shutterstock

A tese também sugere a criação de programas de assistência social que incluem visitas domiciliares regulares e campanhas de conscientização sobre os riscos associados às temperaturas extremas.

Por fim, a pesquisadora enfatiza a importância do saneamento básico como um aspecto fundamental para garantir o acesso à água e ao conforto térmico durante eventos climáticos extremos.

A combinação destas ações, segundo ela, pode ajudar a minimizar os impactos adversos do aquecimento global, preservando a saúde e a vida da população idosa.

As informações são do Jornal da USP.