Avistamentos de tubarões disparam no litoral de São Paulo

Confirmação do aumento do número de tubarões leva em conta relatos feitos por mergulhadores que frequentam a área de preservação
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 17/06/2024 13h51, atualizada em 20/06/2024 15h10
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Imagem: mapush/Shutterstock
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Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp) aponta que o número de avistamentos de tubarões aumentou no arquipélago de Alcatrazes. A unidade de conservação marinha fica a cerca de 35 quilômetros da costa no litoral norte de São Paulo, entre São Sebastião e Ilhabela.

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Tubarões-martelo nadando em área de preservação marinha no litoral norte de São Paulo (Imagem: reprodução/Adriano Perna)

Maior proteção aumento registros de tubarões

  • O levantamento leva em conta relatos feitos por mergulhadores que frequentam a área de preservação.
  • O aumento no número de avistamentos reforça a hipótese defendida por cientistas de que os tubarões tem frequentado a região em maior número após a expansão e fortalecimento da área de proteção integral.
  • O estudo identificou as espécies Squalus cf. albicaudus (cação-bagre-da-cauda-branca), Carcharias taurus (tubarão-mangona), Carcharhinus plumbeus (tubarão-galhudo), Carcharhinus falciformis (tubarão-seda), Rhizoprionodon porosus (cação-frango), Sphyrna lewini (tubarão-martelo-recortado) e Sphyrna zygaena (tubarão-martelo-liso).
Arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte de SP (Imagem: Leandro Inoe Coelho/Shutterstock)

Uma das maiores unidades de conservação marinha

O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes é uma unidade de conservação federal administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com pouco mais de 67 mil hectares, ela é a maior unidade de conservação marinha de proteção integral das regiões Sul e Sudeste e a segunda maior do Brasil.

No local, já foram catalogadas mais de 1.300 mil espécies de flora e fauna na região, e ao menos 259 espécies de peixes estão protegidas. Entre as espécies de tubarões mais comuns (vistas todos os dias) estão o tubarão-martelo e o galha-preta. Quando adultos, eles podem passar de quatro metros.

Até a década de 1990, o arquipélago era alvo de exercícios de tiro realizados pela Marinha. Os projéteis destruíam os ninhos e afastavam as aves do lugar, impactando diretamente toda a vida animal. Após pressão de ambientalistas, o local foi transformado em refúgio em agosto de 2016.

Conforme o ICMBio, as estratégias de monitoramento dos últimos anos e a fiscalização de pesca ilegal equilibraram a vida marinha que atrai tubarões predadores para a região. O aparecimento de cardumes indica eficiência na proteção dos ambientes marinhos de Alcatrazes, uma vez que estes animais estão no topo da cadeia alimentar.

A presença de tubarões na região do arquipélago também ocorre pelas características geográficas do local. Localizadas na confluência de duas correntes oceânicas, as águas na região são ricas em nutrientes. Segundo pesquisadores, o retorno de algumas espécies pode, inclusive, evitar a extinção dos animais.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.