Em maio, uma poderosa tempestade geomagnética atingiu a Terra, causando auroras que puderam ser vistas em várias partes do globo. Esse mesmo evento que aconteceu a partir da atividade magnética solar também chegou a Marte alguns dias depois, tendo sido observado por rovers e orbitadores no planeta vermelho.

  • A explosão solar irrompeu da mancha solar AR3664, ou AR3697 depois que o Sol realizou sua segunda rotação;
  • Ela foi classificada como X12 e seguida por uma ejeção de massa coronal (CME) que chegou a Marte a milhões de quilômetros por hora;
  • Os orbitadores marcianos MAVEN e 2001 Mars Odyssey da NASA, com o rover Curiosity, observaram o evento;
  • Os dados coletados poderão fornecer informações sobre o planeta e os desafios que missões tripuladas enfrentarão por lá.

Diversos sensores capturaram a tempestade geomagnética

O MAVEN foi o que conseguiu a melhor visão das auroras desencadeadas pela tempestade geomagnética na atmosfera marciana. Diferente da Terra, Marte não possui um campo magnético, assim ao invés das partículas carregadas serem arrastadas para os polos, elas se espalham por todo o planeta. 

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Este foi o maior evento de partículas energéticas solares que a MAVEN já viu. Houve vários eventos solares nas últimas semanas, por isso vimos onda após onda de partículas atingindo Marte.

Christina Lee, líder de clima espacial da MAVEN, em comunicado

Já o Curiosity foi responsável por mostrar aos cientistas os efeitos das tempestades solares na superfície marciana. O instrumento RAD do rover mostrou quanta radiação a tempestade gerou nas suas proximidades. Se fosse um humano no local, ele teria recebido radiação equivalente a 30 radiografias do tórax.

O GIF foi feito pelo rover Curiosity e os risco brancos são devido as grandes quantidade de energia carragadas pelas partículas que atingiram a câmera (Crédito: NASA/JPL-Caltech)
O GIF foi feito pelo rover Curiosity e os risco brancos são devido as grandes quantidade de energia carragadas pelas partículas que atingiram a câmera (Crédito: NASA/JPL-Caltech)

Por fim, o 2001 Mars Odyssey recolheu detalhes sobre as partículas carregadas na órbita marciana. Mesmo que sua câmera estelar tenha ficado momentaneamente offline após ser atingida pelas partículas, ela conseguiu voltar a ativa para recolher dados raios-x e gama a partir seu Detector de Nêutrons de Alta Energia. 

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Um problema para as futuras colônias marcianas

A quantidade de radiação que a superfície de Marte recebeu durante a tempestade geomagnética não seria mortal aos humanos, mas ainda é um recado do que precisaremos enfrentar quando chegarmos ao planeta vermelho. Tubos de lava e penhascos poderiam servir de proteção extra para humanos na superfície marciana, mas não é só isso que preocupa os pesquisadores.

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Colônia em Marte: ilustração
Colônia marciana (Crédito: e71lena/Shutterstock)

Em resposta a Space.com, Tamitha Skov, pesquisadora aposentada da Aerospace Corporation e professora de clima espacial, explicou que tempestades solares poderosas como a que chegou a Marte no mês passado poderiam atrapalhar o desenvolvimento agrícola no planeta. As partículas carregadas poderiam dificultar a plantação e o cultivo de alimentos suficientes para futuras colônias marcianas.

Uma vez que o cultivo de plantas requer luz solar, energia e muito espaço, será difícil cultivar alimentos suficientes em tubos de lava ou cavernas, mesmo que os colonos consigam fornecer luz artificial suficiente para sustentar o seu crescimento. Ao contrário da Terra, a atmosfera de Marte é tão tênue que as partículas energéticas podem penetrar até o solo. Isso significa que as tempestades de radiação, de uma forma ou de outra, são um problema contínuo lá. Elas são como uma leve garoa caindo incessantemente sobre a superfície, o tempo todo.

Tamitha Skov

Atualmente, a mancha solar que causou a poderosa tempestade geomagnética está se voltando novamente para a direção de Marte, e talvez mais eventos explosivos possam acontecer e ajudar os pesquisadores a entender melhor o planeta.