Monumentos construídos na Inglaterra podem ter tido finalidade descoberta

O monumento conhecido como Seahenge foi construído há 4 mil anos, sendo formado por tocos de madeira formando um círculo
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 18/06/2024 08h28
Monumento Seahenge (Crédito: Wendy George)
Monumento Seahenge (Crédito: Wendy George)
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Um novo estudo aponta ter encontrado uma nova razão para monumentos construídos na Inglaterra há 4 mil anos. Acredita-se que a construção, conhecida como Seahenge, tenha sido um esforço para trazer temperaturas mais quentes, em uma época de frio extremo.

Para quem tem pressa:

  • Os monumentos consistem em dois círculos de madeira, com outros pedaços de madeira ao centro;
  • Na época em que foram construídos, a região passava por um período de baixas temperaturas;
  • Assim, acredita-se que eles tenham sido construídos para trazer de volta o calor do verão. 

Até a década de 1990, o monumento esteve escondido, enterrado em um pântano salgado,  protegido por areia e lodaçais, próximo a uma praia no vilarejo de Holme-next-to-the-Sea. No entanto, em 1998, uma erosão no local acabou revelando a construção chamada de Seahenge, em referência ao Stonehenge. Em 1999 ela foi completamente escavada.

O nome oficial do monumento é Holme I e ao seu lado, uma estrutura semelhante foi nomeada de Holme II, mas essa ainda continua enterrada. A Seahenge consiste em um círculo de 7,5 metros de diâmetro formado por 55 troncos rodeando uma “ferradura” de cinco toras deitadas maiores, com um grande toco de carvalho invertido ao centro, todas feitas de madeira de carvalho.

Estudos anteriores sugeriram que elas poderiam ter sido construídas em homenagem a alguém, um indivíduo importante que faleceu, ou como um local de enterros celestes, onde corpos eram deixados para que pássaros carniceiros os bicasse.

Monumento durante as escavações realizadas em 1999 (Crédito: Holmes Garden Photos/Alamy)
Monumento durante as escavações realizadas em 1999 (Crédito: Holmes Garden Photos/Alamy)

No entanto, na nova pesquisa, publicada no GeoJournal, uma nova hipótese é levantada.

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O cuco engaiolado no monumento podia fazer com que o verão se prolongasse

A partir de uma datação feita através dos anéis da madeira, os pesquisadores observaram que ambos os monumentos de Seahenge foram construídos durante a primavera de 2049 a.C. Segundo o arqueólogo David Nance, autor do estudo em comunicado, na época, a região passava por um “período prolongado de diminuição das temperaturas atmosféricas e invernos rigorosos”. Assim, parece provável que os monumentos foram construídos para dar um fim a isso.

Na verdade, percebeu-se que a ferradura, no centro do círculo principal, parece estar alinhada com o nascer do Sol durante o solstício de verão. Acredita-se que as construções representem um jovem cuco engaiolado que continuará cantando a fim de prolongar o verão. Nas crenças dos povos que viviam na região, o pássaro parava de cantar durante o solstício de verão e retornava para o “outro mundo”, levando consigo o clima quente.

Os pesquisadores pontuam que os dois círculos de Seahenge provavelmente foram construídos para rituais diferentes, mas com a mesma intenção de pôr fim às baixas temperaturas.

Atualmente o Holme I encontra-se em um museu, mas devido às controvérsias disso, o Holme II segue intacto no mesmo local onde foi construído, sendo constantemente monitorado quanto à erosão.

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.