Este é o vinho mais antigo do mundo — mas você não vai querer uma taça

Um vinho branco muito antigo foi descoberto em um túmulo de uma cidade na Espanha que pertencia ao Império Romano
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 21/06/2024 05h58, atualizada em 26/06/2024 20h58
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Uma urna de cinzas em uma casa no sul da Espanha contém o vinho mais antigo do mundo, com cerca de 2 mil anos. A descoberta foi feita em 2019, e um estudo sobre a bebida está publicada na ScienceDirect.

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O vinho ainda é bebível, mas devemos alertar sobre algo que vai afastar a vontade de saboreá-lo até dos apreciadores assíduos da bebida: a “adega” era, na verdade, uma tumba romana, e o líquido também havia sido infundido com restos humanos cremados.

A descoberta do túmulo que fazia parte da necrópole ocidental do Carmo, a antiga cidade romana que hoje é mais reconhecida como a moderna cidade andaluza de Carmona, levou os pesquisadores a descobrir a urna contendo o vinho.

Pesquisadores da Universidade de Córdoba, liderados pelo professor José Rafael Ruiz Arrebola, analisaram o conteúdo da urna para constatar que o líquido avermelhado dentro dela é um vinho branco — o mais antigo que se tem conhecimento no planeta.

Taça e garrafa de vinho ao lado de uvas
Vinho mais antigo do mundo possui cinzas humanas misturadas ao líquido – Imagem: Chatham172/Shutterstock

Vinho mais antigo do mundo

  • O vinho foi preservado em uma urna funerária dentro da tumba lacrada e intacta que também abrigava seis corpos.
  • No líquido estavam os ossos carbonizados de um homem, cujos restos cremados (e um anel) também foram encontrados em um leito funerário próximo.
  • Outra urna foi encontrada ao lado de uma mulher cremada, mas em vez de vinho continha joias de âmbar, um frasco de perfume e restos de tecido de seda.
  • Na Roma antiga, as mulheres eram proibidas de beber vinho, por isso, mesmo após a morte, era provável que apenas os homens fossem presenteados com a bebida, no seu caminho para a vida após a morte.

“A princípio ficamos muito surpresos que o líquido estivesse preservado em uma das urnas funerárias”, disse o arqueólogo municipal da cidade de Carmona, Juan Manuel Román.

Os pesquisadores suspeitaram que se tratava de vinho e realizaram análises químicas para testar o seu pH, sais minerais e outros compostos, comparando com marcas de vinhos que têm uma composição de sais minerais semelhante.

A espectrometria de massa por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC-MS) foi então utilizada para identificar polifenóis – biomarcadores encontrados em todos os vinhos. Estes resultados, bem como a ausência de ácido siríngico específico do vinho tinto, confirmaram que se trata do vinho branco.

Apesar dos restos mortais de humanos misturados ao líquido, que certamente não deixam ninguém com água na boca para provar a bebida, os pesquisadores afirmam que o vinho não é nem um pouco tóxico e pode ser consumido.

Barmen servindo vinho tinto
Vinho antigo foi identificado após estudo de sua composição – Imagem: olgakimphoto/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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