Os EUA anunciaram, nesta sexta-feira (21), que a venda do software antivírus da Kaspersky está oficialmente proibida no país. Segundo comunicado do governo, a empresa russa não poderá comercializar para novos clientes a partir de julho e não poderá mais prestar serviços a assinantes antigos após setembro. 

O que aconteceu? 

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  • Conforme divulgado pela Reuters, a decisão ocorre após as conexões da empresa com o governo russo a tornarem um risco à segurança nacional para os EUA; 
  • Para o governo americano, há potencial para instalação de malware, coleta de informações privilegiadas e retenção de atualizações de software em computadores americanos; 
  • A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, confirmou os receios com anúncio oficial da proibição;
  • A Kaspersky se pronunciou em comunicado oficial sobre a decisão do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Segundo a empresa, o bloqueio não deve afetar suas vendas. Confira comunicado da empresa na íntegra logo abaixo.

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A Kaspersky não fez nada de errado e não está sujeita a nenhuma penalidade criminal ou civil. No entanto, eu encorajaria você, da forma mais forte possível, a parar imediatamente de usar esse software e mudar para uma alternativa, a fim de proteger você, seus dados e sua família. 

Gina Raimondo, secretária de Comércio dos EUA, em comunicado a clientes.

Apesar da proibição se concretizar agora, a Kaspersky, empresa que tem sede na Rússia, tem sido pauta sobre segurança nacional há muitos anos. A Comissão Federal de Comunicações, por exemplo, colocou a companhia em sua lista de empresas que apresentam riscos de segurança inaceitáveis em 2022.  

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Bem antes, em 2017, os produtos Kaspersky foram proibidos em agências federais dos EUA. 

Vale pontuar que, não apenas nos EUA, o negócio de antivírus também atraiu o escrutínio da liderança em segurança cibernética do Reino Unido, Europa. 

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O que disse a Kaspersky?

A Kaspersky está ciente da decisão do Departamento de Comércio dos Estados Unidos de proibir o uso do software Kaspersky no país. A decisão não afeta a capacidade da empresa de vender e promover produtos de inteligência contra ciberameaças e/ou treinamentos nos EUA.

Apesar de propor um sistema no qual a segurança dos produtos da empresa pode ser verificada de forma independente por empresas terceiras de confiança, a Kaspersky acredita que o Departamento de Comércio tomou sua decisão com base no atual cenário geopolítico e preocupações teóricas, em vez de uma avaliação técnica sobre a integridade dos produtos e serviços da Kaspersky.

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A Kaspersky não se envolve em atividades que ameacem a segurança nacional dos Estados Unidos e, na verdade, fez contribuições significativas com relatórios e proteção contra uma variedade de ameaças que visavam os interesses dos EUA e seus aliados. A empresa pretende buscar todas as opções legais disponíveis para preservar suas operações e relações atuais.

Por mais de 26 anos, temos cumprido a missão de construir um futuro mais seguro, protegendo mais de um bilhão de dispositivos. A Kaspersky fornece produtos e serviços líderes de mercado para clientes ao redor do mundo para protegê-los de todos os tipos de ciberameaças, demonstrando repetidamente sua independência frente a qualquer governo. Além disso, a Kaspersky implementou medidas de transparência inéditas entre seus pares da indústria de cibersegurança, com o objetivo de demonstrar seu forte comprometimento com a integridade e confiabilidade. A decisão do Departamento de Comércio ignora injustamente as evidências.

O principal impacto dessa medida é uma vantagem para o cibercrime. A cooperação internacional entre especialistas de cibersegurança é crucial na luta contra o malware e a decisão restringirá esses esforços. Além disso, tira a liberdade que, consumidores e organizações, grandes e pequenas, deveriam ter de usar a proteção que desejam. Neste caso, forçando-os a se afastar da melhor tecnologia antimalware do setor, de acordo com testes independentes. Isso causará uma interrupção dramática para os clientes da empresa, que serão forçados a substituir urgentemente a tecnologia que preferem e na qual confiaram para sua proteção por anos.

A Kaspersky continua comprometida em proteger o mundo das ciberameaças. O negócio da empresa permanece resiliente e forte, marcado por um crescimento de 11% nas vendas em 2023. Estamos ansiosos pelo que o futuro reserva e continuaremos a nos defender contra ações que buscam prejudicar injustamente nossa reputação e interesses comerciais.

EUA e os aplicativos estrangeiros

O poder dos EUA em proibir a atuação de determinadas empresas e produtos ganhou força em 2020, durante o governo de Donald Trump. Foi ele quem iniciou a discussão para banir o TikTok e outros aplicativos chineses, alegando risco à segurança nacional. Embora o projeto tenha sido derrubado em 2021, voltou a ser pauta em 2023 e gerou uma revisão dos apps estrangeiros. 

A reavaliação culminou na recente legislação que Joe Biden, atual presidente do país, assinou em abril. A lei que exige que a ByteDance venda o TikTok ou enfrente o banimento.