O físico Gerard O’Neil, falecido em 1992, era professor na Universidade de Princeton. E visionário. Em 1974, O’Neil propôs o uso de canhões eletromagnéticos para lançar cargas a partir da Lua. Na época, pareceu loucura. Hoje em dia, nem tanto.

Ideia de usar canhões eletromagnéticos na Lua pode estar perto de sair do papel

  • Em 1974, o físico Gerard O’Neil sugeriu o uso de canhões eletromagnéticos para lançar cargas a partir da Lua. Na época, a ideia parecia loucura, mas hoje é considerada uma proposta viável;
  • Em 2023, a General Atomics Electromagnetic Systems apresentou um relatório à Força Aérea dos EUA, destacando o potencial econômico e de segurança nacional do lançamento eletromagnético lunar para a exploração de recursos;
  • O relatório enfatiza que a Lua possui recursos valiosos como silício, titânio, alumínio, ferro e água. A exploração desses recursos poderia reduzir custos de reabastecimento e reparo de espaçonaves, promovendo uma economia lunar emergente;
  • A implementação de canhões eletromagnéticos na Lua exigiria avanços tecnológicos. A tecnologia necessária já existe no Sistema de Lançamento Eletromagnético de Aeronaves (EMALS) usado em porta-aviões dos EUA, mas precisa ser adaptada para funcionamento lunar.

A General Atomics Electromagnetic Systems apresentou um relatório ao Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea dos EUA no final de 2023. E o título do documento era: “Lançamento Eletromagnético Lunar para Exploração de Recursos para Melhorar a Segurança Nacional e o Crescimento Econômico.”

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Lua
Lua é rica em recursos como silício, titânio, alumínio e ferro (Imagem: muratart/Shutterstock)

O relatório de 30 páginas – assinado por Robert Peterkin, diretor de operações da empresa – enfatiza que a Lua é rica em recursos como silício, titânio, alumínio e ferro. Também aponta que a perspectiva de explorar a água lunar é promissora.

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“Uma economia lunar do futuro não muito distante fará uso desses recursos lunares para reabastecer, reparar e reabastecer espaçonaves em órbita lunar a um custo menor do que entregar recursos terrestres do poço gravitacional profundo da Terra”, diz o documento.

Lançamentos eletromagnéticos de material da superfície lunar, continua o relatório, podem ser significativamente mais eficientes do que lançamentos de foguetes convencionais que dependem de combustíveis químicos importados da Terra para a Lua.

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O relatório delineia recomendações sobre como amadurecer a tecnologia necessária para lançar material lunar extraído e processado no espaço cislunar (região entre a Terra e a Lua) para sustentar um conjunto de missões espaciais emergentes.

Colocar canhões na Lua não é tão surreal quanto parece, mas exige avanços

Canhão eletromagnético instalado em porta-aviões nuclear
Canhão eletromagnético instalado em porta-aviões nuclear nos Estados Unidos (Imagem: Marinha dos EUA)

Usar recursos lunares para reparar e reabastecer espaçonaves cislunares requer avanços em várias tecnologias. Um deles é encontrar uma maneira confiável de mover material da superfície lunar, disse Peterkin em entrevista ao Space.com.

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Para essa tarefa, um canhão eletromagnético moderno seria uma boa pedida, disse Peterkin. Isso porque o equipamento usaria energia solar (abundante na Lua) como fonte de energia principal, em vez de importar combustível de foguete da Terra.

“O governo dos EUA deve financiar uma evolução do sistema de lançamento eletromagnético de aeronaves existente, agora operando de forma confiável no porta-aviões nuclear Gerald R. Ford da Marinha dos EUA,” aponta Peterkin.

Fabricado pela General Atomics, esse hardware baseado em porta-aviões é chamado de Sistema de Lançamento Eletromagnético de Aeronaves (EMALS, na sigla em inglês). Ou seja, a tecnologia proposta pelo físico Gerard O’Neil já existe. Agora, falta achar um jeito de transportá-la para a Lua. E fazê-la funcionar lá.