Ao longo dos tempos foram criadas muitas teorias a respeito da Lua, desde afetar no crescimento capilar, até a qualidade do sono. São tradições que acabam sendo incluídas em gírias do cotidiano, como, por exemplo, quando designamos pessoas que estão muito desconcentradas e a chamamos, seja de forma cômica ou até para alertá-las, de luadas.
A fim de trazer uma visão mais científica e identificar se de fato algumas dessas teorias são verdadeiras, o Olhar Digital entrevistou Lucas Batista, Representante de Astronomia do Centro de Ciências da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e ex-estagiário do StScI (Space Telescope Science Institute) nos EUA. Ele trouxe mais detalhes sobre as influências da Lua em nosso cotidiano.
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A Lua influencia no crescimento capilar?
De acordo com Lucas, a Lua não possui nenhuma influência que possa ser comprovada em relação ao crescimento capilar. Mas de fato, devido a tanto apelo popular em insistir nessa teoria, os astrônomos acabaram buscando saber sobre a veracidade dessa afirmação. Porém, realmente pode ser ligada a fatores fisiológicos de cada ser humano e não de uma reação física de um corpo celeste em nosso cotidiano.
“Infelizmente é uma balela, mas eu queria muito que fosse verdade para o meu cabelo crescer mais rápido (Risos), mas infelizmente até hoje a ciência não conseguiu encontrar nenhuma evidência que a Lua possa influência nessa questão”.
A Lua pode influenciar na produtividade da pesca?
Lucas afirma que, de fato, a Lua tem uma influência na atividade pesqueira, porém ressalta que essa influência só ocorre em ambientes de abundância fluvial. Como nos mares e oceanos.
Esse processo, de acordo com Batista, pode ser denominado de atração gravitacional, onde existe uma força gravitacional na qual a Lua e a terra, ambas se atraem.
Como a terra tem cerca de 1.332.000.000 de quilômetros cúbicos de água, na medida que a Lua e a terra vão se movimentando, essa força gravitacional vai puxando as águas, criando as marés altas. Por conta da água ser um fluido, acaba acontecendo o mesmo efeito no lado oposto da Lua.
“Independente do brilho da Lua, a atração gravitacional nesse processo das marés continua sendo a mesma. Com essa força, a massa de água acaba sendo movimentada tanto de frente para a Lua quanto do lado oposto”.
Em suma, pode-se dizer que quanto maior a força gravitacional, maior vai ser os efeitos da Lua nas marés, que consecutivamente incidirá na produtividade da pesca.
A Lua pode afetar na saúde do sono?
O físico e pesquisador afirma que a luz que a Lua emite afeta da mesma forma no sono que a luz do corredor quando esquecemos a mesma acessa. Por tanto, não tem nada a ver diretamente com a Lua e sim com o brilho que ela emite que pode incomodar os olhos e por isso acaba afetando na qualidade do sono.
“Existem muitas pesquisas que já tentaram identificar se essa teoria tinha algum fundamento, porém até hoje não foram encontrados nenhuma prova realmente concreta que pudesse trazer veracidade para esse fato”.
Como são feitas as pesquisas sobre a Lua?
Segundo o pesquisador, esses estudos ainda não são feitos no Centro de Ciências onde ele atua, porém, está nos planos trazer essa independência científica para a UFJF, já que atualmente o mesmo é voltado mais para a divulgação científica.
“Vale ressaltar que as pessoas sobre a Lua e sua influências são muito diversas e que por isso nem sempre depende apenas de um observatório para poder obter os dados e realizar as pesquisas”.
Lucas acrescenta que na pesquisa do sono, por exemplo, usam como auxiliador da investigação ambientes que possam ter pessoas como parte do estudo. Onde elas são colocadas para dormir em ambientes fechados, fazendo a comparação com as fases da Lua.
O aquecimento global pode atrapalhar a influência da Lua nas marés?
Lucas afirma que é preciso primeiramente saber diferenciar o que é o aquecimento global e o efeito estufa.
“O efeito estufa é uma reação natural do meio ambiente na tentativa de manter o ambiente agradável para a gente ter vida aqui. Já o aquecimento global, é causada pela destruição da camada de ozônio (Forma de proteção natural da terra), fazendo com que entre mais raios solares, fazendo a elevação geral da terra”.
Em suma, ele ressalta que essa elevação de temperatura é extremamente perigosa, afetando diretamente todas as formas de vida na terra. Mas de forma alguma ela afetaria a relação da terra com a Lua.
“O aumento de temperatura não afeta na relação gravitacional de um corpo com o outro”.
Além disso, é importante considerar que o que realmente influência é a massa desses dois corpos e a distância que eles possuem um do outro. Então quanto maior forem esses corpos, maior será essa atração gravitacional. E quanto mais distante eles estiverem, menor será a atração entre ambos.
“É importante frisar que essa distância é uma proporção ao quadrado, então é algo muito relevante na hora de pensar em força gravitacional”.
Uma curiosidade que o pesquisador revelou durante a entrevista é que não é apenas a Lua que influência nas marés, mas o Sol também. Já que ele possui uma força gravitacional ligada diretamente com a terra. Porém, como ele está muito mais longe da terra, sua força gravitacional acaba sendo a metade em relação à Lua.
Como funciona a visitação de um centro de ciências?
Lucas frisou que assim como os depois observatórios do Brasil, para visitar o Centro de Ciências da UFJF, é preciso acessar o site do centro de ciências e selecionar a opção na qual você se enquadrar e agendar uma visita cem por centro gratuita.
Vale ressaltar que o observatório só funciona aberto ao público sempre na quinta-feira a noite, na modalidade de lista de espera. Já o planetário e demais espaços funcionam de terça a sexta. Sendo necessário para mais informações, acessar ao site logo acima.
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