Mistério sobre guerreira medieval pode ter sido desvendado

Corpo foi encontrado por arqueólogos em um castelo na Espanha, mas identidade da mulher era um grande mistério
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 25/06/2024 10h33, atualizada em 01/07/2024 13h00
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Parte do local de onde os restos mortais dos cavaleiros medievais e da monja guerreira foram recuperados. Crédito: Comunicado/Universitat Rovira i Virgili
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Arqueólogos localizaram uma mulher enterrada ao lado de mais de 20 cavaleiros medievais em um castelo na Espanha. Por muito tempo a identificação dela foi um mistério. Mas um novo estudo revelou que ela foi uma guerreira morta em batalha.

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Os restos mortais foram encontrados perto do castelo de Zorita de los Canes (Imagem: Comunicado/Universitat Rovira i Virgili)

Sinais de batalhas sangrentas

  • Pesquisadores encontraram os restos humanos enquanto escavavam um cemitério dentro do castelo fortificado de Zorita de los Canes, em Guadalajara.
  • Os enterros datam entre os séculos XII e XV, época marcada por várias batalhas entre cristãos e muçulmanos na Península Ibérica.
  • Muitos dos esqueletos apresentam grandes ferimentos – até mortais -, incluindo um número significativo de facadas nos crânios e áreas pélvicas, provavelmente desferidos durante batalhas.
  • O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.
Ferimentos letais foram identificados no crânio da mulher (Imagem: Comunicado/Universitat Rovira i Virgili)

Cavaleiros faziam parte da Ordem de Calatrava

Com base em uma análise feita nos restos mortais da mulher, a equipe concluiu que ela tinha 40 anos de idade e também teria morrido em batalha. A identificação do sexo foi possível a partir de observações da pelve e do crânio.

Os pesquisadores ainda conseguiram determinaram que ela foi enterrada junto com vários monges guerreiros que pertenciam à Ordem de Calatrava, fundada na Espanha em 1158 e semelhante a dos famosos Cavaleiros Templários. O grupo era encarregado de proteger Calatrava la Vieja, uma cidade ao longo da fronteira contestada entre cristãos e muçulmanos.

As análises também revelaram que a dieta dos monges era rica em aves e peixes, alimentos associados às elites sociais ibéricas. Já a mulher comia muito menos proteína, indicando que ela fazia parte de uma classe social inferior.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é que a mulher era uma criada no castelo e pegou em armas para protegê-lo durante a batalha, o que acabou levando à sua morte. Os ossos dela, no entanto, não apresentam desgaste típico do trabalho escravo, o que reforça a tese de que ela tenha sido, na verdade, uma guerreira.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.