Foram mais de cinco anos preso até que um acordo tirasse da prisão o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, nesta segunda-feira (24). O ativista ficou mundialmente conhecido ao vazar documentos confidenciais dos Estados Unidos.

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Assange passou cinco anos preso no Reino Unido (Imagem: John Gomez/Shutterstock)

Acusado de cometer crimes cibernéticos na adolescência

  • Assange estava preso desde 2019 no Reino Unido e várias tentativas de acordos de extradição foram realizadas pela Casa Branca, mas sem sucesso (em parte pela pressão internacional).
  • O ativista, que tem 52 anos e nasceu na Austrália, chegou a ficar sete anos asilado na Embaixada do Equador em Londres, antes de ser preso.
  • Mas os problemas judiciais começaram bem mais cedo.
  • Durante a adolescência, ele ficou conhecido por suas capacidades em programação computacional.
  • E em 1995, foi acusado por um tribunal australiano de cometer crimes cibernéticos.
  • Assange só não foi para a cadeia por prometer que não cometeria novas infrações.
  • Mas a vida do australiano mudou completamente em 2006, quando ele fundou o WikiLeaks, uma ferramenta digital onde documentos secretos pudessem ser vazados.
  • A técnica usada é conhecida como “dead letter box”, um método de espionagem.
  • O grupo era composto por ativistas, que recebiam materiais sigilosos.
Imagem de destaque para nota sobre Wikileaks
WikiLeaks comemorou libertação de Julian Assange com publicação em seu site e no X (Imagem: Casimiro PT/Shutterstock)

WikiLeaks e os problemas com os EUA

O WikiLeaks ganhou fama mundial em 2010, quando vazou um vídeo sigiloso que mostrava um ataque de helicóptero dos Estados Unidos que deixou 12 mortos no Iraque. No mesmo ano, a rede divulgou cerca de 490 mil documentos militares dos EUA sobre as guerras no Iraque e Afeganistão. Os arquivos eram considerados como classificados, ou até mesmo secretos.

Entre os vazamentos estavam vídeos que exibiam assassinatos de civis, jornalistas, além de abusos cometidos por autoridades norte-americanas e de outros países. A divulgação destes documentos enfureceu a Casa Branca.

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Assange acabou sendo preso pela primeira vez em 2010, no Reino Unido, após ser acusado de abuso sexual contra duas voluntárias suecas do WikiLeaks. Ele negou as acusações e disse que essa era uma desculpa para justificar sua extradição aos Estados Unidos, onde seria responsabilizado pelos vazamentos de documentos secretos.

Em 2012, a Justiça do Reino Unido determinou que ele fosse enviado para a Suécia, onde passaria por um interrogatório. Após ter um recurso negado pela Suprema Corte, Assange entrou na embaixada do Equador em Londres, onde ficou asilado.

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Em 2019, com a mudança de governo no Equador, Assange foi obrigado a deixar a embaixada em Londres. Ele acabou sendo preso dentro do edifício pela polícia britânica. O ativista foi condenado a 50 semanas de prisão por violar as condições estabelecidas pela Justiça ao conceder fiança para que ele respondesse às acusações de abuso sexual. As acusações acabaram sendo arquivadas.

Ainda em 2019, o Reino Unido recebeu um pedido dos Estados Unidos para que Assange fosse extraditado. O objetivo seria fazer com que ele respondesse em solo norte-americano a 18 acusações de conspiração, crimes cibernéticos e violação de leis de espionagem.

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Em 2021, um juiz britânico decidiu que Assange não deveria ser extraditado. A alegação da Justiça era a de que ele estava enfrentando problemas de saúde mental, com risco de suicídio.

As autoridades dos EUA ganharam um recurso em dezembro de 2021, depois de oferecerem permitir que Assange cumprisse qualquer sentença na Austrália, se condenado. A extradição foi aprovada pelo governo em 2022.

Em fevereiro deste ano, a defesa do australiano protocolou um último recurso, argumentando que o caso era um ataque à liberdade de expressão e ao jornalismo. Além disso, a defesa disse que ele poderia enfrentar a pena de morte se condenado.

A Suprema Corte do Reino Unido determinou que os Estados Unidos dessem garantias de que Assange não seria condenado à morte. Por fim, os EUA chegaram a um acordo com Assange. O fundador do WikiLeaks se declarará culpado em um tribunal das Ilhas Marianas do Norte de uma única acusação criminal.

Na audiência, o fundador do WikiLeaks deve ser sentenciado a 62 meses de prisão, tempo que ele já cumpriu no Reino Unido. Após se declarar culpado e passar pela audiência, Assange será oficialmente liberado e deve voltar para a Austrália. As informações são do G1.