Está difícil para a cápsula Starliner, da Boeing, voltar para a Terra – e tem muita coisa em jogo para a empresa e a NASA com esse atraso. Crédito: Boeing
Originalmente, os astronautas da NASA Butch Wilmore e Suni Williams, membros da primeira missão tripulada da Boeing Starliner à Estação Espacial Internacional (ISS), retornariam à Terra por volta de 12 de junho, uma semana após o lançamento. No entanto, essa volta para casa parece inalcançável – até agora, já foram três adiamentos.
O mais recente foi anunciado na última sexta-feira (21), por meio de um comunicado da NASA. Até então, o pouso era esperado para esta quarta-feira (26). Agora, de acordo com o reagendamento, Wilmore e Williams se despedem da ISS só no dia 2 de julho.
Vamos relembrar o lançamento da missão CFT Starliner:
Antes do lançamento, tanto a Boeing quanto a NASA garantiram que a espaçonave estava pronta após anos de atrasos e testes rigorosos. No entanto, alertaram que, sendo um voo de teste, poderiam ocorrer imprevistos. E, conforme relatado acima, foi exatamente isso que aconteceu.
A principal preocupação da NASA é garantir a segurança dos astronautas. A situação destaca a importância da Starliner para o futuro da Boeing no espaço – e tanto a empresa quanto a agência espacial se mostram empenhadas em resolver os problemas técnicos.
A Boeing precisa demonstrar que é capaz de levar astronautas em segurança e superar os desafios técnicos, o que também é crucial para sua divisão de aviação comercial.
Após a conclusão da missão, a NASA e a Boeing passarão por um rigoroso processo de certificação para que a Starliner possa realizar missões regulares de transporte de tripulação. Somente após essa certificação a espaçonave poderá ser colega de trabalho da cápsula Dragon, da SpaceX, que já realiza missões para a NASA desde 2020. A Boeing tem um contrato de US$ 4,2 bilhões com a agência, firmado há uma década, que depende do sucesso da Starliner.
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Desde 2019, a Boeing tem enfrentado vários contratempos com a Starliner, como um voo de teste fracassado sem astronautas a bordo, que resultou em um prejuízo de cerca de US$ 1,5 bilhão. A empresa precisa iniciar as missões regulares de transporte de tripulação para começar a ser remunerada por esse serviço.
Em entrevista ao jornal The Washington Post, Wayne Hale, ex-diretor do programa de ônibus espaciais da NASA, destacou que a Boeing está dedicada a resolver os problemas antes de permitir o retorno da espaçonave. “Tenho muita confiança de que eles não comprometeriam a segurança do veículo”, disse Hale. “Para a Boeing, assim como para a SpaceX, o lucro vem das missões pós-certificação”.
Os vazamentos de hélio têm sido um desafio persistente para a Boeing e a NASA, causando atrasos tanto no lançamento quanto no retorno da Starliner. As equipes inicialmente pensaram que os vazamentos eram causados por uma vedação defeituosa, mas ainda não conseguiram identificar a causa exata.
Além disso, cinco propulsores da espaçonave pararam de funcionar quando a Starliner se aproximava da ISS em 6 de junho, o que forçou a Boeing a reativar os propulsores para corrigir o problema.
Apesar dos contratempos, a NASA afirmou que não há pressa para trazer os astronautas de volta, e que os vazamentos de hélio não representam um risco imediato.
A agência e a Boeing continuam a coletar dados e testar os sistemas da Starliner enquanto a espaçonave permanece acoplada à ISS. O processo de certificação envolve uma análise minuciosa dos problemas técnicos, incluindo os vazamentos de hélio e as falhas dos propulsores. “Temos que resolver os vazamentos de hélio”, disse Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA. “Não vamos voar outra missão com esses vazamentos”.
Para a Boeing, é fundamental diagnosticar os problemas enquanto a Starliner ainda está no espaço, pois o módulo de serviço, onde estão localizados os propulsores, não retorna à Terra e queima na atmosfera.
Esta post foi modificado pela última vez em 26 de junho de 2024 09:21