Um conflito de ideias entre os pais fundadores da evolução dividiu a comunidade científica. Charles Darwin acreditava que a seleção sexual impulsionava a variação nas cores das borboletas e nos padrões dos machos. Já Alfred Russel Wallace discordava, afirmando que a seleção natural era a responsável por esse papel.

Darwin acreditava que a seleção sexual estava relacionada a diferenças no sucesso do acasalamento (Imagem: Nicku/Shutterstock)

Cientistas divergiram sobre o assunto

  • Embora parecidos, os dois conceitos são diferentes.
  • Para Darwin, a seleção sexual não fazia parte da seleção natural.
  • Ela apenas estava relacionada a diferenças no sucesso do acasalamento.
  • A seleção natural, por sua vez, abrange uma gama mais ampla de fatores que contribuem para a “aptidão” geral de um indivíduo.
  • Cerca de 150 anos depois, pesquisadores usaram a tecnologia para definir quem estava certo na discussão.
  • O resultado foi descrito em um estudo publicado na revista Communications Biology.

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Borboletas da mesma espécie apresentam diferenças (Imagem: Cuthill/Communications Biology)

A IA descobriu quem estava certo

Cientistas da Universidade de Essex, em colaboração com o Museu de História Natural e o instituto de pesquisa de IA Cross Labs, Cross Compass, usaram a inteligência artificial para analisar a “variação sexual e interespecífica” encontrada em 16.734 imagens dorsais e ventrais de borboletas de asas de pássaro.

É a primeira vez que essas diferenças visuais foram avaliadas em muitas espécies de borboletas de asa de pássaro. Os animais foram escolhidos por causa de sua aparência e diferenças em machos e fêmeas.

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A conclusão foi surpreendente. A IA foi capaz de detectar mudanças evolutivas sutis inéditas em borboletas fêmeas. E concluiu que tanto Darwin quanto Wallace estavam certos.

Os dados sugerem que, embora a seleção de parceiros impulsione mudanças na aparência das borboletas masculinas, as mudanças observadas nas fêmeas ao longo do tempo indicam que não se trata apenas de sexo, mas de seleção mais ampla.

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De acordo com os pesquisadores, o sexo que parece ter impulsionado a maior mudança evolutiva, incluindo formas, cores e padrões masculinos extremos. No entanto, dentro do grupo de borboletas de asa de pássaro, foram encontrados exemplos contrastantes em que as fêmeas são mais diversas em fenótipo visível do que os machos, e vice-versa.