Geralmente, auroras boreais parecem shows de luzes, que mudam de cor e forma conforme dançam no céu. Mas em 25 de dezembro de 2022 foi diferente. Naquele Natal, uma luz esverdeada, uniforme e gigante cobriu quatro mil quilômetros quadrados – quase o triplo da cidade de São Paulo – no Polo Norte. E uma equipe de pesquisadores mergulhou nessa aurora boreal para investigar suas origens.

Aurora boreal cobre o Polo Norte e intriga cientistas

  • No Natal de 2022, uma aurora boreal atípica cobriu quatro mil quilômetros quadrados no Polo Norte, manifestando-se como uma luz esverdeada uniforme. Pesquisadores conduziram uma investigação para entender as causas desse fenômeno único;
  • A pesquisa revelou que a aurora, apelidada de “aurora de chuva polar”, foi causada por uma emissão incomum de elétrons do Sol, que desceu sobre o Polo Norte. Este fenômeno foi impulsionado por uma queda no vento solar e a presença de um buraco coronal no Sol, permitindo que os elétrons fluíssem de maneira suave, direta e uniforme;
  • O estudo, publicado no periódico Science Advances recentemente, utilizou dados de satélites do Departamento de Defesa dos EUA para analisar a situação. Além disso, a pesquisa explorou, pela primeira vez, dados captados a partir do chão sobre o fenômeno;
  • A aurora diferenciou-se das típicas auroras polares por sua estabilidade e grandeza, sendo considerada uma classe distinta de fenômeno. Os pesquisadores destacam que tal evento não se encaixa nas categorias conhecidas de auroras e é um espetáculo natural sem previsão de repetição.

A missão do estudo era tão simples quanto complexa: entender o que tinha causado essa aurora boreal tão diferente das demais registradas até então. Para isso, os pesquisadores da equipe exploraram dados captados a partir do chão e do espaço. E, enfim, encontraram respostas.

publicidade

Chuva polar causou a aurora boreal gigante, diz pesquisa

Silhueta de homem contra aurora boreal no topo de uma montanha rochosa
Aurora boreal gigante foi causada por conta de uma cascata de elétrons emanada do Sol (Imagem: Denis Belitsky/Shutterstock)

O Sol emanou uma cascata de elétrons, que desceu sobre o Polo Norte naquele 25 de dezembro de 2022. Por isso, a aurora boreal resultante ficou conhecida como “aurora de chuva polar”, segundo a pesquisa – publicada recentemente no periódico Science Advances.

(Auroras polares ocorrem por conta do impacto de partículas de vento solar com a alta atmosfera da Terra, canalizadas pelo campo magnético terrestre. Em latitudes do hemisfério norte, o fenômeno é conhecido como aurora boreal.)

publicidade

Para investigar o que aconteceu naquele Natal, os autores do novo estudo examinaram dados dos satélites polares em órbita do Departamento de Defesa dos EUA. Ao fazer isso, descobriram que o vento solar havia caído praticamente a zero no momento da aurora, o que também coincidiu com a abertura de um chamado buraco coronal na superfície do Sol.

Leia mais:

publicidade
Movimento das auroras vem da maneira como elétrons são soprados de um lado para o outro (Imagem: Kaidum/Shutterstock)

Como consequência, elétrons conseguiram fluir através deste buraco coronal sem serem dispersados pelo vento solar. Essas partículas – que normalmente seriam sopradas de um lado para o outro, criando o movimento típico das auroras – puderam descer suavemente sobre o Polo Norte num fluxo constante. Daí a estabilidade da aurora boreal em questão.

“Combinando observações terrestres e de satélite, provamos que essa aurora única foi produzida por elétrons supertérmicos fluindo diretamente do Sol, o que é conhecido como ‘chuva polar'”, escrevem os pesquisadores.

publicidade

E eles vão além no texto:

Essa forma incrivelmente suave e gigantesca é distintamente diferente da de uma aurora polar típica. Portanto, não pode ser categorizada como qualquer classe previamente identificada de auroras visíveis em latitudes polares.

Trecho de pesquisa sobre aurora boreal gigante ocorrida em 2022

Ou seja, foi um espetáculo bem peculiar da natureza. E, no caso deste, não há data para reprise. Nem reboot.