A Terra está esquentando. Cada um dos últimos 13 meses, por exemplo, foram os mais quentes já registrados. Nos últimos 12 meses, a temperatura média do planeta subiu ao menos 1,5ºC, em comparação aos tempos pré-industriais. Resultado: ondas de calor literalmente mortais. E as mudanças climáticas têm tudo a ver com isso.

É o que apontam os professores Mathew Barlow e Jeffrey Basara, que lecionam sobre ciência climática e meteorologia, respectivamente, na Universidade de Massachusetts Lowell. Seus argumentos constam num artigo publicado no The Conversation nesta semana.

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Os principais pontos do texto são:

  • Impacto das ondas de calor: Ondas de calor extremas têm causado tragédias e outros eventos severos nas Américas, Europa e Ásia. Essas ondas de calor não são consideradas normais, mas intensificadas pelas mudanças climáticas, destacam os professores;
  • Causas científicas: As mudanças climáticas têm aumentado a frequência e a intensidade das ondas de calor. Estudos apontam que o recente calor extremo no leste dos EUA, por exemplo, era de duas a quatro vezes mais provável de ocorrer devido ao aquecimento global impulsionado pelo Homem;
  • Perspectivas e esperança: Embora o futuro imediato deva ter verões ainda mais quentes, há esforços globais para cumprir o Acordo de Paris e reduzir emissões de gases poluentes. Para os professores, ações urgentes e coordenadas podem mitigar os efeitos adversos do aquecimento global.

Aumento da temperatura da Terra extrapola limites

Terra vista do espaço
O mundo parece caminhar para ultrapassar limite estipulado para 30 anos em dez anos, dizem professores (Imagem: Governo dos EUA)

No acordo climático de Paris (conhecido como Acordo de Paris), países de todo o mundo concordaram em trabalhar para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. No entanto, isso se refere à mudança de temperatura média ao longo de 30 anos.

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Até agora, a Terra só ultrapassou esse limite por um único ano. Mas isso é preocupante. “E o mundo parece estar a caminho de ultrapassar o limite médio de 30 anos de 1,5°C dentro de 10 anos.”

Os professores afirmam que as recentes ondas de calor – por exemplo, a que vitimou mais de mil pessoas numa peregrinação na Arábia Saudita – integram a tendência de aquecimento impulsionada pelos humanos.

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Ondas de calor colocam vidas de pessoas em risco

Três pessoas andando em dia ensolarado
Ondas de calor podem tirar vidas, dependendo do patamar que as temperaturas atingirem (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O episódio trágico registrado na Arábia Saudita não é um caso isolado. Vários países nas Américas, África, Europa e Ásia registraram recordes de calor em 2024.

No México e na América Central, por exemplo, semanas de calor, combinadas à seca prolongada, causaram escassez de água e dezenas de mortes. Nos Estados Unidos, o primeiro mês do verão teve uma onda de calor extremo que afetou a maioria da população.

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Embora as ondas de calor sejam uma parte natural do clima, a severidade e a extensão das ondas de calor até agora em 2024 não são ‘apenas verão’.

Mathew Barlow e Jeffrey Basara, professores de ciência climática e meteorologia, respectivamente, na Universidade de Massachusetts Lowell, em artigo publicado no The Conversation

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Mudanças climáticas aumentam margem para ondas de calor

Termômetro na rua marcando 39 graus Celsius num dia quente numa cidade
Episódios de calor severo e duradouro ficaram mais prováveis por conta das mudanças climáticas (Imagem: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Uma avaliação científica da intensa onda de calor no leste dos EUA em junho de 2024 estima que o calor tão severo e duradouro era duas a quatro vezes mais provável de ocorrer atualmente devido às mudanças climáticas causadas pelo Homem.

Essas ondas de calor recorde ocorrem num clima 1,2ºC mais quente em escala global, ao considerar aquela média de 30 anos. Pode parecer pouco, mas faz muita diferença quando se considera a Terra toda.

Para você ter ideia, no auge da última era glacial, cerca de 20 mil anos atrás, a temperatura média global era “apenas” aproximadamente 6°C mais fria do que agora. Por isso, esses pouco mais de 1ºC para cima aumentam preocupações.

O futuro da Terra parece quente…mas há esperança

Parte de trás de uma turbina de energia eólica
Queda no custo da energia renovável aumenta esperança para futuro menos quente na Terra (Imagem: Stockr/Shutterstock)

De um lado, um prognóstico sombrio: o verão de 2024 deve ser um dos mais quentes registrados até agora e um dos mais frescos em relação aos próximos. De outro, uma luz no fim do túnel: países caminham para atingir o Acordo de Paris.

Enquanto o custo da energia renovável continua a cair, muitos países têm aumentado o apoio político e incentivos em prol da redução da emissão de gases poluentes. Nos EUA, por exemplo, a Lei de Redução da Inflação de 2022 pode reduzir as emissões em quase metade até 2035.

“Há muito que a humanidade pode fazer para limitar o aquecimento futuro se países, empresas e pessoas em todo o mundo agirem com urgência”, escrevem os professores. Os alarmes já soaram.