Simples e barata: Ciência tem uma nova aposta para resfriar cidades

Em um dos verões mais quentes da história, pesquisadores da Inglaterra testaram vários sistemas de resfriamento urbano - e este é o melhor
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 11/07/2024 05h02, atualizada em 12/07/2024 20h46
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Telhados verdes são coisa do passado? É o que sugerem os pesquisadores da University College London (UCL), na Inglaterra. Em um novo estudo publicado na Geophysical Research Letters, a equipe propõe que usar tinta branca para pintar telhados ou cobri-los com um revestimento refletivo pode resfriar cidades com mais eficiência do que os populares painéis de vegetação.

Entenda:

  • “Telhados frios”, pintados com tinta branca ou cobertos com um revestimento refletivo, são melhores do que outros sistemas de resfriamento urbano;
  • Pesquisadores compararam os efeitos térmicos de telhados frios, painéis solares, telhados verdes, vegetação a nível do solo e ar condicionado;
  • Enquanto os telhados pintados de branco poderiam reduzir as temperaturas externas em até 2ºC, sistemas como vegetação a nível da rua ou painéis solares atingiriam uma média de apenas 0,3 ºC;
  • No caso dos telhados verdes, a temperatura urbana poderia reduzir cerca de 0,5 ºC, mas, durante a noite, a retenção do calor elevaria as temperaturas aproximadamente na mesma quantidade;
  • O estudo foi publicado na Geophysical Research Letters.
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Telhados frios podem ser melhor forma de resfriar cidades. (Imagem: Marc Bruxelle/Shutterstock)

Em 2018, durante um dos verões mais quentes já registrados no país, os pesquisadores usaram um modelo climático urbano tridimensional da Grande Londres, subdivisão da Inglaterra, para avaliar os efeitos térmicos de diferentes sistemas passivos e ativos de gerenciamento de calor urbano – incluindo os chamados “telhados frios” pintados com tinta branca, painéis solares, telhados verdes, vegetação a nível do solo e ar condicionado.

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Telhados frios são o melhor sistema de resfriamento urbano

Como explicado pela equipe, se fossem aplicados amplamente pela cidade de Londres, os telhados frios possibilitariam uma redução das temperaturas externas de, em média, 1,2 ºC, podendo até chegar a 2 ºC em alguns locais. Em comparação, apesar dos benefícios ambientais, sistemas como vegetação a nível da rua ou painéis solares atingiriam um resfriamento líquido menor, com uma média de apenas 0,3 ºC.

Resfriamento por telhados verdes foi considerado insignificante. (Imagem: Vitória Gomez/DALL-E/Olhar Digital)

O mesmo se aplica aos telhados verdes: apesar dos benefícios, sua média de resfriamento líquido foi considerada insignificante. Nos horários mais quentes, os sistemas poderiam reduzir a temperatura urbana em cerca de 0,5 ºC, mas, durante a noite, a retenção do calor elevaria as temperaturas aproximadamente na mesma quantidade.

“Testamos exaustivamente vários métodos que cidades como Londres poderiam usar para se adaptar e mitigar o aquecimento das temperaturas, e descobrimos que telhados frios eram a melhor maneira de manter as temperaturas baixas durante os dias extremamente quentes de verão. Outros métodos tiveram vários benefícios colaterais importantes, mas nenhum foi capaz de reduzir o calor urbano externo para quase o mesmo nível”, explica Oscar Brousse, autor principal do estudo, em comunicado

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.