O Google é, sabidamente, uma das maiores empresas do mundo. Isso não significa, porém, que a big tech seja a melhor em tudo que faz ou em todas as áreas. Pelo contrário. Se a companhia se notabilizou por ter o mais famoso buscador da internet, ela ficou muito para trás quando o assunto é computação em nuvem – um mercado que é dominado pela Amazon Web Services e pela Microsoft Azure.

Mas isso está prestes a mudar. Segundo informa o jornal americano The Wall Street Journal, a Alphabet, holding dona do Google, está em negociações avançadas para comprar a startup de cibersegurança Wiz.

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O veículo ouviu pessoas familiarizadas com o assunto, que toparam falar sem se identificar. O negócio giraria na casa dos US$ 23 bilhões de dólares! Se essas cifras se confirmarem, estaremos falando da maior compra da história da empresa.

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Vale destacar que nem a Alphabet nem a Wiz se manifestaram oficialmente. E a transação fugiria dos padrões adotados pelo Google, que tem sido cauteloso sobre grandes aquisições. Por causa de um passado difícil, por assim dizer.

O maior negócio já feito pela big tech terminou mal. Em 2012, a companhia comprou a Motorola Mobility por US$ 12,5 bilhões. Menos de dois anos depois, resolveu vendê-la para a fabricante de computadores Lenovo – e teve um belo prejuízo.

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Outro ponto nessa equação é a rigorosa política antitruste dos Estados Unidos. Por esse motivo, as mesmas fontes que dizem que o acordo está próximo, afirmam também que ele pode ser dissolvido a qualquer momento.

O que faz a Wiz

  • De acordo com a própria empresa, a Wiz oferece “ferramentas de segurança e scanners isolados” para o espaço empresarial.
  • Traduzindo: essa empresa israelense, mas que tem sede agora em Nova York, se conecta a provedores de armazenamento em nuvem, como Amazon Web Services ou Microsoft Azure, e identifica e escaneia os dados, procurando e removendo riscos de segurança.
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O mercado de computação em nuvem está em evidência com o crescimento da Inteligência Artificial – Imagem: LookerStudio/Shutterstock
  • A Alphabet tem ampliado seus investimentos no negócio de nuvem.
  • Uma aquisição da Wiz poderia ajudar o Google a alcançar a Microsoft e a Amazon em um mercado cada vez mais competitivo.
  • À medida que mais startups movem seus aplicativos e dados para a nuvem, crescem as oportunidades no setor, principalmente aquelas envolvendo a IA generativa.
  • O chefe do Google Cloud, Thomas Kurian, é um dos maiores defensores da aquisição, de acordo com o jornal The New York Times.
  • Ele acredita que, se a compra der certo, o Google pode ganhar a importante reputação de uma plataforma de nuvem segura.
  • O Google que sempre se notabilizou por entregar bons serviços para o consumidor final, ganharia força também junto a clientes empresariais.

Questões legais americanas

O acordo “parece provável”, de acordo com o Times , mas pode fracassar, e corre o risco de desencadear revisões de reguladores dos EUA.

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Como dissemos, o governo Biden vem adotando uma linha dura contra aquisições de todos os gigantes da tecnologia e consolidação corporativa em geral.

E esse é o significado do termo antitruste: defender o direito à concorrência, evitando que uma empresa ou um grupo só controle as ofertas e os preços dos produtos.

google antitruste
O Google já enfrenta alguns processos ligados à lei antitruste dos EUA – Imagem: Ascannio/Shutterstock.com

Só para dar alguns exemplos, os reguladores sob o presidente Biden bloquearam recentemente acordos como a aquisição de US$ 2,18 bilhões da rival Simon & Schuster pela gigante editorial Penguin Random House.

Também melaram a aquisição de US$ 3,8 bilhões da Spirit Airlines pela JetBlue e fizeram com que a Amazon abandonasse sua aquisição de US$ 1,7 bilhão da startup iRobot. Isso sem contar o longo processo que a Microsoft encarou antes de concluir a compra da empresa de games Activision.

O próprio Google é processado pelo Departamento de Justiça em dois casos antitruste separados. O primeiro tem como alvo o mecanismo de busca onipresente da empresa. Já o segundo tem a ver com os negócios da empresa envolvendo tecnologia de publicidade digital. A Justiça ainda não tomou uma decisão.

Agora, vale destacar que, mesmo com esses obstáculos, o Google parece disposto a encarar essa nova briga. E, se vencer, a empresa entra para a história. De novo.

As informações são do The Wall Street Journal.