Come arroz e farinha? Tome cuidado! Entenda motivo

Alimentos tão comuns em nosso dia a dia apresentaram uma alta taxa de toxinas fúngicas, identificadas por pesquisadores da USP
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Rodrigo Mozelli 18/07/2024 22h30, atualizada em 02/08/2024 20h25
arroz
Alimentos precisam ser bem acondicionados (Imagem: SURAKIT SAWANGCHIT/Shutteerstock)
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Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) realizaram estudo analisando amostras de farinha e arroz armazenadas em residências. A pesquisa, apoiada pela FAPESP e publicado na Food Research International, revelou altos níveis de toxinas fúngicas, também conhecidas como micotoxinas.

Foram identificados seis micotoxinas preocupantes nas amostras de alimentos examinadas pelos pesquisadores. Os cientistas descobriram a presença de aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, toxina T-2, desoxinivalenol e ocratoxina A.

Em alguns casos, o nível de fumonisinas, zearalenona e micotoxinas desoxinivalenol excedeu o limite de tolerância, conhecido como níveis máximos permitidos (MPLs), estabelecido pelas autoridades sanitárias. Dos 213 alimentos analisados, os pesquisadores detectaram diversas combinações de duas a quatro micotoxinas em 70 alimentos, quase um terço (32,86%) das amostras.

“A regulamentação sobre a presença de micotoxinas precisa ser mais rígida”, afirma o professor Carlos Oliveira, do Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.

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Imagem de uma tigela de arroz com uma colher de pau
Crianças e adolescentes são mais sensíveis à toxinas e podem estar contaminados (Imagem: Suwan Wanawattanawong/Shutterstock)

A Anvisa atualizou as regulamentações relativas às micotoxinas em produtos alimentícios, incluindo alimentos infantis, em julho de 2022. “O MPL deve ser rigorosamente seguido pelos produtores de alimentos, processadores de alimentos e participantes relacionados na cadeia alimentar”, acrescentou Oliveira.

Micotoxinas nos alimentos é problema de saúde pública

  • Os pesquisadores descobriram que as estimativas de ingestão diária (EDI) de desoxinivalenol em produtos de trigo e arroz excederam a ingestão diária aceitável (TDI) e foram particularmente significativas para crianças em idade pré-escolar, escolares e adolescentes;
  • Crianças em idade pré-escolar e adolescentes foram expostas ao desoxinivalenol por meio de produtos de trigo, enquanto crianças em idade escolar foram expostas à micotoxina via produtos de trigo e arroz;
  • As descobertas sugerem que os alimentos à base de trigo e arroz podem representar risco às crianças, indicando a importância da implementação de medidas rigorosas para prevenir a contaminação por desoxinivalenol nestes produtos.

Pesquisadores pedem fiscalização mais rígida a alimentos (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

“Nos preocupamos com crianças e adolescentes, que tendem a ser mais sensíveis às toxinas em geral”, acrescentou Oliveira. O risco de implicações para a saúde sublinha a importância de armazenar grãos e farinha em áreas secas e protegê-los de insetos para evitar a contaminação.

Como os pesquisadores coletaram as amostras de farinha e arroz nas residências dos participantes, Oliveira disse que é possível que parte da contaminação por micotoxinas das amostras tenha se originado durante o armazenamento doméstico.

Por exemplo, a contaminação pode ter vindo de alimentos embalados que foram parcialmente consumidos, mas permaneceram abertos por longos períodos.

A equipe de pesquisa está atualmente realizando trabalhos adicionais para avaliar a extensão da contaminação.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.