A cidade romana de Pompeia é conhecida pelos escombros do Monte Vesúvio, que entrou em erupção em 79 d.C. e devastou o local com cinzas vulcânicas, pedra-pomes e gases escaldantes. Um estudo publicado este mês revelou que o vulcão pode não ter sido o único responsável pela morte dos habitantes da cidade.

Indícios de que terremotos haviam atingido a cidade após a erupção do Vesúvio haviam sido relatados anteriormente apenas em cartas, mas sem qualquer evidência sólida. O trabalho atual comprova que abalos sísmicos mataram moradores de Pompeia que não foram mortos pelo vulcão.

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Corpos petrificados estão em exposição em Pompeia, no sul da Itália (Imagem: Darko Mlinarevic/Istockphoto)

Pompeia enfrentou duas sinas de uma vez só

A literatura (e o senso comum) já haviam estabelecido que as mortes dos moradores de Pompeia foram consequências da erupção do Vesúvio. Alguns morreram por conta das cinzas e gases e, outros, petrificados na lava que saiu do vulcão. O estudo mostra que houve uma terceira causa de morte na cidade.

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Cartas antigas de uma testemunha ocular da destruição de Pompeia, chamado Plínio, o Jovem, relatavam que a erupção do Monte Vesúvio foi acompanhada de “um tremor de terra”. Isso é o que a carta diz sobre os abalos:

Foi tão particularmente violento naquela noite que não apenas abalou, mas, realmente, derrubou, ao que parece, tudo ao nosso redor.

Trecho das cartas de Plínio, o Jovem

Evidências que comprovassem os terremotos ou a veracidade da testemunha não haviam sido encontradas. Até agora.

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Imagem mostra dois esqueletos nas ruínas da cidade de Pompeia
Esqueletos analisados durante a escavação em Pompeia (Imagem: Parque Arqueológico de Pompeia)

Erupção do Monte Vesúvio foi seguida de terremotos em Pompeia

A escavação que resultou no estudo, publicado na Frontiers, aconteceu na Insula dei Casti Amanti, museu arqueológico nas ruínas de Pompeia, no atual sul da Itália.

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Os pesquisadores notaram que alguns dos corpos analisados no local não morreram petrificados ou pela inalação dos gases vulcânicos, mas por causa do esmagamento dos edifícios desabados.

Segundo declaração de Mauro Di Vito, coautor do estudo, as características de alguns esqueletos eram inconsistentes com as mortes supostamente causadas pelo Monte Vesúvio.

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A equipe focou no estudo de dois esqueletos masculinos de cerca de 50 anos para chegar a algumas conclusões.

A posição do primeiro esqueleto indica o esmagamento por uma parede colapsada, com ferimentos graves que causaram morte instantânea.

Já o segundo não teve os mesmos ferimentos, indicando que ele, possivelmente, se protegeu dos desabamentos causados pelo terremoto com um objeto de madeira. Partes desse item foram encontrados nos escombros.

Pesquisa concluiu que erupção do Vesúvio não foi a única causa de morte dos habitantes de Pompeia (Imagem: Belish/Shutterstock)

Fim de Pompeia foi combinação de vulcão e terremoto

  • A conclusão da equipe é que algumas pessoas sobreviveram às consequências da erupção do Monte Vesúvio. Os terremotos que se seguiram causaram mais mortes, como a dos dois esqueletos analisados;
  • O estudo também destacou que os corpos analisados foram encontrados em cima da pedra-pomes vulcânica que cobriu o solo de Pompeia, em vez de debaixo dele;
  • Isso sugere que eles sobreviveram à lava da erupção e às pedras arremessadas no ar durante as 18 horas seguidas. No entanto, ao buscarem abrigo, foram surpreendidos pelos desabamentos causados pelos terremotos;
  • Os pesquisadores ainda acrescentaram que os tremores eram, na verdade, abalos sísmicos e não foram causados pela erupção do Vesúvio;
  • No total, foram cerca de duas mil mortes em Pompeia.